Skip to main content

Sou empreendedora social: dados, relatos e desafios de ser mulher no Brasil

Mariana Madureira, diretora e co-fundadora aqui da Raízes Desenvolvimento Sustentável, conta que como empreendedora social sente que as mulheres são subestimadas e estão sempre precisando se provar mais. “Principalmente frente aos grandes players, aos mercados mais tradicionais. Precisamos estar mais preparadas e ser mais ‘convincentes’ pra conseguir espaço na mesma mesa que os homens, pra sermos ouvidas”, completa.

Saber disso nos motiva a querer mudar esse jogo. Então, essa acaba sendo também uma das razões que mantém a Raízes ativa há 14 anos. E mais: com um trabalho quase que integralmente dedicado a tornar a jornada das mulheres menos difícil no Brasil e no mundo. Um passo importante é o apoio interno que acontece entre as colaboradoras, consultoras e beneficiárias dos projetos sociais que a gente acompanha. Seguimos com o objetivo de acabar com o machismo entre as mulheres e nos apoiar mutuamente.

Esse é o mote por trás do Dona do Meu Fluxo, projeto próprio em parceria com a Korui. Levamos para territórios com vulnerabilidade social no Brasil a doação de coletores menstruais para mulheres. Mais do que combater a pobreza menstrual, essa é também uma maneira de conversar sobre empoderamento feminino nessas regiões.

Hoje, as doações dependem exclusivamente da venda de coletores menstruais pela Korui – é direcionado para a campanha um a cada 10 vendidos. Também conseguimos viabilizar os custos da logística por meio da venda de uma camiseta, com lucro 100% revertido; por apoios pontuais de algumas empresas; com um roteiro de volunturismo, que realizamos na última edição e devemos repetir assim que as condições sanitárias permitirem; e pelo trabalho voluntário de mulheres, além de recursos próprios dos dois negócios sociais.

 

Benefícios e desafios do empreendedorismo feminino no Brasil

Já falamos aqui sobre os benefícios – inclusive financeiros – da diversidade e de investir em mulheres.  Cargos de liderança ocupados por elas aumentam em 21% a chance de uma empresa ter lucro acima da média, segundo a consultoria McKinsey and Co. em um levantamento que abrangeu 12 países. Sendo assim, o que impede essa expansão de acontecer?

A ANDE Brasil publicou um estudo recente sobre as lentes de gênero no empreendedorismo no país – Aplicando uma Lente de Gênero no Apoio ao Empreendedorismo: Insights do Brasil. O recorte é em especial nas Pequenas Empresas em Crescimento (Small and Growing Business – SGBs), que foi um termo cunhado pela instituição para se referir a negócios pequenos, de impacto, que têm grande potencial de crescimento.

Ele mostra que os 4 principais problemas no país são:

  1. Promover dados melhores sobre as mulheres empreendedoras. Isso inclui a reflexão sobre suas identidades e as diferentes barreiras enfrentadas por elas.

(Esse tópico também faz conexão com os vieses inconscientes – predisposições que temos a fazer escolhas que são ditadas por normas aprendidas de forma tácita ao longo da vida, sem sequer nos darmos conta ou refletir sobre o que são ou representam).

  1. A busca e o alcance de mulheres empreendedoras em programas de aceleração – com total alinhamento sobre as necessidades, desafios e suas aspirações.
  1. Entender suas necessidades e aumentar o acesso delas a diferentes instrumentos financeiros.
  1. Cultivar economias e ecossistemas empresariais que sejam mais inclusivos em relação às características associadas às mulheres.

 

Sobre a experiência da Raízes, em particular como um negócio social, Mariana compartilha que “Os desafios ao longo desses 14 anos de empresa foram mudando, mas sempre houve desafios… desde o dia um. Acho que encontrar um modelo de negócio que concilie uma solução social com um serviço que tenha valor no mercado foi bem desafiador”.

Assim seguimos, dia após dia, em busca dos nossos objetivos. As conquistas foram muitas, como mostram o nosso Relatório de Impacto 2020 e os reconhecimentos, e podem ser ainda maiores!