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Mensuração de impacto: quando um depoimento vale mais que números

Sempre compartilhamos aqui na Raízes o nosso olhar sobre o andamento dos projetos e os resultados colhidos. Sabemos que a mensuração de impacto é um tema que está na pauta do dia e que se faz necessário para comprovar resultados com financiadores, celebrar conquistas com equipe e beneficiário e inspirar outros. O grande desafio, contudo, é ultrapassar o conceito quantitativo de indicador de sucesso e, para além da renda ou números de horas de formação, enxergar como os projetos impactam na felicidade das pessoas.

Pensando nisso, desta vez, reunimos alguns dos muitos depoimentos marcantes que recebemos ao longo dessa jornada de quase 15 anos. As aspas a seguir são de pessoas das comunidades beneficiárias de projetos sociais que desenhamos e implantamos pelo território mineiro. Confira!

 

1 – O despertar dos sonhos

“Desde que o projeto começou, como muitos, fiquei um pouco desacreditada; porque aprendi que em nossa comunidade – de pessoas simples, hospitaleiros e também pessoas sofridas, cansadas de promessas vãs – não estávamos dispostos a sofrer mais uma decepção.

O tempo foi passando e a Raízes enfrentou desafios que não eram fáceis de encarar. Antes de tudo, precisava mostrar para a gente que se importava, porque não precisávamos de promessas. Precisávamos de pessoas que acreditassem na gente e que respeitassem a nossa cultura, o nosso modo de vida simples e na nossa capacidade. E também foi isso que fizeram, com muita boa vontade e dedicação.

(…) Com o entusiasmo da equipe, despertou sonhos, resgatou coragem e confiança.

Hoje somos um grupo que ainda tem muito o que aprender. Somos crianças sendo fortalecidas pela confiança e fé de alguém que amamos muito. Somos um grupo que está fazendo pelo outro e reconhecendo como um pequeno gesto pode gerar grandes resultados”.

Luciene Maria Matoso, participante no projeto de Geração de Renda no Morro d’Água Quente, no distrito de Catas Altas, em Minas Gerais.

 

2 – Nova alegria para viver

“Eu vim para o projeto quando o meu pai faleceu. E eu estava depressiva, com uma tristeza profunda. Cheguei no fundo do poço, com ansiedade, e tive que começar a tomar remédios fortes para dormir. O Projeto foi importante demais, porque me trouxe de novo a alegria de viver. A partir da entrada do projeto, eu não precisei tomar mais o remédio. Estou me sentindo muito feliz, com motivos para sair de casa e trabalhar.”

Meire, beneficiária do projeto de Equidade de Gênero e Geração de Renda em Senhora do Carmo, distrito rural de Itabira, Minas Gerais.

 

3 – Olhos que brilham

“Me sinto privilegiada por poder participar deste projeto com tantas pessoas experientes e ricas em conteúdo, mobilizadas e comprometidas com o coletivo. Espero verdadeiramente ser uma pessoa melhor ao final deste projeto que faz meu coração bater forte e os olhos brilharem! Não tenho absolutamente nada a reclamar!”

Depoimento anônimo sobre o Projeto de Desenvolvimento Territorial e Transformação Social em Itabirito, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.

 

4 – Para além da renda

“Tem sido muito bom, sabe? Antes a renda era só mesmo artesanato, a migração e a agricultura familiar que é pouca. Aí depois disso, além da renda, a gente conhece outras experiências, outras pessoas. A renda também é indiretamente para todos, porque aquilo que a gente vai arrumar, a gente pede uma pessoa para fazer biscoito para gente e paga ele, aí a renda circula, né? Às vezes alguma coisa que a gente não tem, vai no vizinho… E aí é bom pra ele também, né?”

Dona Faustina, líder comunitária em Campo Buriti, Turmalina – MG. Projeto de turismo de base comunitária realizado no Vale do Jequitinhonha.

 

5 – Bagagem cheia

“Tô com minha bagagem cheia, aprendi muita coisa. Vocês são pessoas que eu quero carregar para sempre, pode ter certeza”.

Clausilene de Paula beneficiária do projeto de geração de renda para artesãs do Circuito das Grutas.

 

6 – Empoderamento

“Eu sou muito grata. (…) Vocês estão sempre incentivando a gente, ajudando a gente. Nunca desistiram. Vocês que estão de fora acreditaram na nossa capacidade e na nossa cidade mesmo quando ninguém acreditou, sabe? Vocês [nos] deram oportunidade que ninguém aqui [nos] deu. Eu conheci tanta coisa através de vocês, adquiri tanta experiência. Um olhar que ninguém nunca teve por mim ou qualquer outra das meninas do grupo, vocês tiveram.

Minha máquina de cortar, que por muitas vezes eu tentei comprar, mas as condições não permitiam…

Porque assim, eu trabalho muito, muitas vezes vendo muito. Mas eu tenho que ajudar a minha família. Minha mãe mora em São Paulo e eu tenho que pagar o aluguel dela. (…) Então, muitas vezes não tenho condições de comprar certas coisas. Tem muito tempo que eu sonho com essa máquina. Hoje, sabendo que ela chegou, eu não tenho nem palavras para agradecer o quanto eu sou grata, o quanto eu estou feliz. ”

Elaine Cristina, beneficiária do Projeto Equidade de Gênero e Geração de Renda em Periquito, em Minas Gerais.

7 – A mensuração de impacto tempos depois

“Eu gostei, me adaptei bem, uso sempre [o coletor menstrual]. (…) Peguei pra minha filha, mas ainda tenho receio dela usar porque ela só tem 13 anos. Como gostei, quero que ela use também. A parte da higienização também tem sido tranquila. E foi boa a palestra, conhecimento nunca é demais! Conversei com uma mulher da zona rural que vocês também deram palestra que usa e se adaptou super bem. Eu uso, gosto e recomendo.

A coisa que vocês falaram na palestra é isso mesmo… Do cheiro, da química do absorvente. A gente se sente mais limpinha. Eu, por exemplo, que não gosto de usar calcinha, fico tranquilamente sem, se tenho a garantia que não vai vazar fico de roupa branca e uso com qualquer roupa. Quero que minha filha use logo até pela economia. Tenho um filho de quatro anos que me pergunta se eu não uso mais fraldinha. Mostro pra ele como é, o tamanho do fluxo e ele fica todo encantado”.

Participante do Dona do Meu Fluxo em Arinos, no Norte de Minas.

 

São declarações como essas que usamos como mensuração de impacto, e que nos fazem acreditar no impacto positivo de nossas ações especialmente voltadas para o empreendedorismo, para a geração de renda, para o empoderamento feminino e para a equidade de gênero.

Assim como não acreditamos que o PIB é a melhor métrica para a riqueza de uma nação, não acreditamos que nossos números de beneficiários e workshops transmitam a parte humana da transformação que buscamos no mundo. Agradecemos a cada pessoa beneficiada e aos nossos parceiros pela confiança!