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É preciso ser antirracista: resposta da Raízes à campanha sobre preconceito no turismo

“Falar sobre o racismo no turismo… Sempre é tempo. A Mandakaru Consultoria postou um vídeo muito legal fazendo uma provocação sobre o nosso olhar como gestores, como consultores, como profissionais ou até como turistas. E sim: é muito importante a gente falar sobre esse tema, que ultimamente ganhou as manchetes mais uma vez.

E é sempre bom lembrar que o racismo não acontece só no turismo. Racismo é racismo. Ele está no olhar do outro. Então, vamos também policiar o nosso olhar.

Sim, a humanidade é racista. Nós não sabemos lidar com diferenças, nós temos uma dificuldade gigantesca em perceber que somos um. Mas o nosso olhar pra diferença, principalmente pra população negra no mundo, tem trazido tudo isso que a gente tem visto por aí. E não está bom, né, gente? Já faz muito tempo que não está nada bom. E se essa ferida agora arde e está aberta e qualquer um se sentir mobilizado a lutar contra isso é hora de unir forças.

A gente também não pode se iludir achando que o racismo vai acabar de uma hora pra outra, só porque a gente de repente viu que isso é muito feio. Ainda vai levar muito tempo pra humanidade se curar dessa “resistência à diferença”. Mas a gente tem de ser ativo, a gente tem de ser proativo. E todos, de todas as cores, de todas as raças, são chamados nesse momento a mostrar e a fazer uma autoavaliação sobre suas percepções racistas.

Então, vamos olhar pra dentro e começar a identificar porque – se nos vemos brancos, negros, azuis, verdes amarelos, vermelhos – temos traços racistas. Vamos olhar e perceber internamente de onde vem essa noção automática de que as pessoas de cor são menos, valem menos, podem ou devem receber menos, ter direito a menos, quando somos todos iguais.

E isso acontece com todos nós, nas mais variadas esferas e com as mais diversas formas de diferença. Então, vamos olhar pra nós e vamos começar a, de forma pacífica, mostrar pros outros quando eles estão tomando ou tendo alguma atitude racista. O nosso compromisso de lutar pelo racismo deve passar pelo reconhecimento de que nós temos traços racistas, sim, para gente alcançar uma liberdade de poder apontar quando o outro está sendo racista… Para que todos nós despertemos juntos e consigamos de uma forma mais concreta identificar essas ações pra poder de alguma forma tentar corrigir. Vamos juntos?”

 

A carta aberta acima foi escrita por Lucila Edydio, mulher, negra, brasileira, bióloga, especialista em sustentabilidade, ecoturismo e mestre em gerontologia, coordenadora de projetos da Raízes. Lucila compartilhou suas vivências em resposta complementar a um vídeo postado pela Mandakaru Consultoria, nossa parceira, ao Movimento Turismo Antirracista.

A ação ganhou força nas mídias sociais, com várias pessoas e negócios ligados ao turismo compartilhando suas experiências. Nathalia Dothling, nossa gestora de projetos, também falou sobre o seu olhar. Você pode conferir na íntegra o vídeo que postamos em nosso perfil no Instagram.

 

Seja antirracista

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. E recentemente o Sistema B, do qual fazemos parte, lançou em parceria com o Instituto de Identidades do Brasil o manifesto Seja Antirracista. A Raízes já assinou, e entre as ações sugeridas estão:

  • Publicar o número de pessoas negras em cargos executivos no Brasil na/da minha empresa em meu website e traçar uma meta de quantos profissionais autodeclarados negros e negras minha empresa se compromete a contratar anualmente.
  • Dedicar horas exclusivas por mês em treinamentos voltado à educação racial no Brasil para os profissionais que trabalham na empresa.
  • Apoiar empresas e projetos liderados por pessoas negras e ou ligados ao avanço da pauta antirracista no Brasil.

Assim, fica aqui registrado o nosso compromisso público em fazer mais para combater o racismo todos os dias.