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O que mudou no DMF de 2017 para cá? 5,8 mil mulheres empoderadas e mais

2023 foi a primeira vez que o Dona do Meu Fluxo atravessou fronteiras e esteve presente em terras venezuelanas. Ao longo do ano foram 1,3 mil mulheres empoderadas. Em outubro, realizamos uma oficina internacional na Comunidad de Paraitepuy, na Venezuela. O grupo indígena visitado vive na base do Monte Roraima e trabalha com turismo de natureza. 

“As mulheres estavam bastante tímidas no começo, mas várias se interessaram pelo coletor. Das que subiram com a gente depois para fazer o roteiro do Monte Roraima, uma delas já tinha começado a usar o coletor, que foi a Flor, uma das organizadoras e filha de um líder comunitário. Então, foi super interessante e positiva a experiência”, conta Tauana Costa, especialista em projetos sociais aqui da Raízes. Foi Tau quem ministrou a oficina em espanhol e liderou uma roda de conversa com as mulheres da comunidade.

Por mais que já tenhamos realizado parcerias de trocas de informações com projetos de Cabo Verde, na África, essa foi a primeira vez que fizemos uma doação fora do Brasil. E o ano passado teve outros marcos que falaremos a seguir.

Dignidade menstrual, sustentabilidade e empoderamento feminino

Fechamos o ano com mais de 1,3 mil mulheres empoderadas em 27 oficinas. O projeto sem fins lucrativos, que esse ano completa sete anos, é uma parceria entre a Korui Ciclos de Vida e a Raízes Desenvolvimento Sustentável, criado em 2017 por essas duas empresas B fundadas por mulheres. 

O DMF tem como objetivo levar dignidade menstrual, sustentabilidade e empoderamento feminino a muitas mulheres em situação de vulnerabilidade. Pioneiro no combate à pobreza menstrual, o projeto realiza a doação de coletores menstruais através de workshops nos quais, além de apresentar o coletor, também são abordados temas relacionados ao corpo feminino, padrões estéticos, autoestima, sororidade e redes de apoio à mulher.

O ano passado foi cheio de realizações. Fizemos oficinas em oito estados brasileiros, sendo eles: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Amapá e Pará, além do Distrito Federal.

Mulheres empoderadas fortalecendo a nossa rede

2023 também nos trouxe o apoio de 16 voluntárias, totalizando 26 voluntárias ao longo dos anos, uma equipe nota mil, além de várias parcerias, como Bela Gil, Natura, Voo, Pinheiro Neto Advogados, Paraná Banco, Casadorio, Route Brasil, entre outros, que nos permitiram concluir sete anos de projeto com 5,8 mil mulheres beneficiadas pela doação de coletores menstruais e workshops.

Estabelecer essa rede sólida de voluntárias, mulheres empoderadas, com algumas delas repetindo expedições, articulando e guiando oficinas sozinhas, nos mostrou o quanto é bonito e importante o nosso trabalho. Todas nós aprendemos muito umas com as outras e ver o crescimento e a paixão das voluntárias foi um ponto alto e emocionante no ano.

Celebramos ainda a parceria com a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) para oficinas híbridas com mulheres inseridas no sistema prisional em oito unidades. Fizemos a transmissão remota do workshop e as mulheres foram reunidas presencialmente nas salas de estudos/eventos de Frutal, Viana, Itaúna, Governador Valadares, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rey, Rio Piracicaba e Pouso Alegre.

Novas parcerias e reconhecimento

O trabalho do Dona do Meu Fluxo não parou por aí! Realizamos ainda várias oficinas importantes ao longo do ano, entre elas em um grande evento comunitário com 200 participantes em parceria com a Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá, Amazônia (ASMAMJ). Algumas oficinas também foram realizadas com educadoras do Centro Popular de Cultura de Desenvolvimento (CPCD) em São Paulo e Belo Horizonte, parceiro da Raízes em projetos de transformação territorial pela via da educação. Também tivemos a parceria da PMRA na realização de uma oficina no Morro das Pedras, BH.

Em maio, o projeto participou do Manifesto pela Dignidade Menstrual construído pela Dona do Meu Fluxo em parceria com o Instituto Rebbú, Projeto Mãe da Lua, Projeto Menstrua, Segue o Fluxo – Ciclos e o projeto Cine por Elas.

Na mídia, Tauana assinou um artigo no UOL sobre por que é importante lutar pela dignidade menstrual hoje em dia. Você pode ler o texto na íntegra clicando aqui.  E uma matéria feita pelo diário do Pará contou um pouco sobre o projeto, sua importância e a realização de uma ação de combate à pobreza menstrual. A iniciativa foi organizada pela Prefeitura de Belém, por meio da Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel) e da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). 

Avanços brasileiros na dignidade menstrual

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), dignidade menstrual refere-se a garantir que as pessoas que menstruam tenham acesso a condições higiênicas adequadas, produtos menstruais acessíveis e um ambiente que respeite e preserve a sua dignidade durante o período menstrual. O termo destaca a importância de abordar as necessidades específicas relacionadas à menstruação, promovendo a igualdade de gênero, a saúde menstrual e o respeito pelos direitos humanos.

No Brasil, ainda há muito a ser feito pela pobreza menstrual, mas alguns projetos de políticas públicas têm começado a surgir na tentativa de mudar esse cenário. 

O Governo Federal assinou um decreto que estabelece o Programa de Proteção e Promoção da Dignidade Menstrual. Aproximadamente oito milhões de indivíduos serão contemplados por essa iniciativa que tem um investimento anual de R$418 milhões. Vai ser realizada a distribuição de absorventes descartáveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e conduzida pelo Ministério da Saúde. Além disso, drogarias cadastradas no Programa Farmácia Popular já deram início à distribuição gratuita.

De acordo com o site gov.br, a nova política é direcionada às pessoas mais vulneráveis, com base nos critérios do Bolsa Família e do Cadastro Único. Abrange estudantes de baixa renda matriculados em escolas públicas, pessoas em situação de rua ou em condições de extrema vulnerabilidade social, pessoas em privação de liberdade e aquelas sujeitas a medidas socioeducativas.

Ser dona do próprio fluxo é um longo caminho

Os avanços recentes mostram que o grande problema da dignidade menstrual no Brasil felizmente começa a ser endereçado. Sabemos que para além da distribuição de absorventes é preciso que as mulheres tenham informação sobre seus próprios corpos, seu ciclo reprodutivo e as melhores formas de cuidar da sua saúde física e mental.

Para além dos absorventes, as políticas públicas de empoderamento das mulheres ainda precisam avançar nas questões de saneamento, educação e saúde de forma mais ampla. Sem contar a questão ambiental, um dos importantes motivos para aderir ao “copinho”. Por aqui seguimos com o projeto Dona do Meu Fluxo, empoderando através das oficinas sobre ciclos das mulheres e doações dos coletores e refletindo sobre os outros fluxos femininos que ainda precisam e podem ser mais empoderados.

Transitando de 2023 para 2024 

Ufa! Quantas coisas, não é mesmo? Como você pode ver, o ano de 2023 foi cheio de realizações para o Dona do Meu Fluxo e para a pauta de dignidade menstrual que tanto abraçamos. Mas para continuarmos não só o combate à pobreza menstrual como também o empoderamento das mulheres mais vulneráveis de forma ampla em 2024, precisamos de apoio. 

Caso sua organização se identifique com a causa e queira contribuir com o DMF em um novo ano de caminhada e com grandes inovações, entre em contato pelo e-mail [email protected].