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Presídio humanizado recebe e inspira empreendedores socioambientais

Foi em 2012 que Mariana Madureira, diretora e cofundadora da Raízes, passou a integrar a Rede Folha de Empreendedores Socioambientais depois de ser finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro. De lá para cá, o grupo mudou de nome (contemplando agora também negócios com mais apelo ambiental para além do social), foi crescendo e hoje conta com centenas de líderes. 

Nos últimos dias 22 e 24 de junho, 22 dessas lideranças, incluindo Mariana, se reuniram para uma imersão que aconteceu na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de São João del Rei, Minas Gerais, um modelo de presídio humanizado. O anfitrião do encontro foi Valdeci Ferreira, vencedor do Prêmio promovido pela Folha de S. Paulo em 2017, justamente por seu trabalho à frente das APACs.

E por que esse local? 

A APAC é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que se dedica à recuperação e reintegração social das pessoas condenadas. Também socorre a vítima e protege a sociedade. É uma entidade auxiliar do Poder Judiciário e Executivo, tanto na execução penal quanto no cumprimento das penas, e amparada pela Constituição Federal. Atua nos presídios trabalhando com princípios fundamentais, como a valorização humana.

O método apaqueano é uma alternativa para humanizar a execução penal e o tratamento prisional, conta com reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), espalhou-se pelo território brasileiro e já foi exportado a outros países, como Alemanha, Argentina, Bolívia, Bulgária, Chile, Cingapura, Costa Rica, Estados Unidos, entre outros. Por isso, era o cenário perfeito para o objetivo desse encontro de empreendedores socioambientais: manter essa rede próxima, além de realizar workshops sobre como influenciar políticas públicas e trabalhar em colaboração. 

Leonardo Letelier, CEO na Sitawi e Diretor Executivo na Endowments do Brasil, participou do encontro e fez um relato repleto de dados e emocionante em seu LinkedIn: “Mas por quê ser ‘humanista’ com criminosos e assassinos? Se o argumento moral (eles são seres humanos) não lhe convence, há uma série de argumentos práticos. (…) E ao prender de forma desumana, desumanizamos as pessoas, que reincidem à taxa de 80% (segundo o TJMG) e voltam a ‘ferir a sociedade’. É isso que a sociedade ‘ganha’ com nossa inclinação ‘punitivista’”. Vale a leitura.

Como pudemos contribuir

Aqui na Raízes também acreditamos nessa metodologia humanizada. E esta não foi a primeira vez que a Raízes teve a oportunidade de visitar uma unidade APAC e, mais do que isso, contribuir de alguma forma. No ano passado, 2022, realizamos três workshops do Dona do Meu Fluxo na APAC de Belo Horizonte, também em Minas. Foram cerca de 150 coletores menstruais doados para mulheres privadas de liberdade. 

Graças ao trabalho humanizado realizado ali, elas têm condições de saneamento básico para fazerem a higienização correta: acesso à água para limpeza diária do produto (enquanto está sendo utilizado), das mãos (com sabonete e/ou álcool 70º) e para a fervura do “copinho” entre os ciclos.

Temos outras ações do Dona do Meu Fluxo planejadas para um futuro breve e esperamos poder contribuir com a dignidade menstrual de mais e mais mulheres. Além disso, estar em constante sintonia com a Rede Folha de Empreendedores Socioambientais e tantas outras das quais já fazemos e que ainda podemos fazer parte.