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O que não te contaram sobre os cruzeiros em Fernando de Noronha – turismo sustentável pra quem?

Cruzeiros marítimos antes eram sinônimo de luxo. Hoje são um tipo de turismo que vem crescendo no mundo inteiro, e se popularizaram muito. Antes restrito a poucos, agora virou sinônimo de turismo de massa. Se por um lado isso poderia ser maravilhoso por proporcionar experiências a mais pessoas, por outro, o turismo sustentável é deixado de lado.

Paga-se muito ainda pelo o que é oferecido, inclusive com a possibilidade de viajar parcelando em muitas prestações, pagando por cabines minúsculas, das mais variadas formas. E é exatamente a quantidade de pessoas que causa muito impacto para o ecossistema.

 

Como fica o Turismo Sustentável

 “Em vez de dragões e zumbis, Dubrovnik, na Croácia, onde são filmadas algumas das principais cenas passadas na capital dos Sete Reinos [Game of Thrones), enfrenta problemas trazidos por hordas de turistas”. A BBC publicou uma matéria especial em que fala sobre como a Unesco detectou que a expansão do número de visitantes, especialmente aqueles vindos em cruzeiros, passou a gerar riscos para a conservação de monumentos da Cidade Velha croata e solicitou um posicionamento da Prefeitura.

À época, em 2016, a cidade recebeu mais de 1 milhão de visitantes, dos quais 748,9 mil vieram dos 529 cruzeiros que passaram pela cidade. Dois anos antes, eram 463 embarcações. O número mais que dobrou em 10 anos.

Falando em Croácia e Game Of Thores, essa ameaça parece estar longe da gente aqui no Brasil, mas não está. O Governo Federal anunciou a volta de cruzeiros ao arquipélago natural de Fernando de Noronha. O Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR-FN) é um dos ecossistemas mais sensíveis de biodiversidade do país e hoje é administrado com forte rigor ambiental.

O governo de Pernambuco é contra esse modelo predatório de turismo. “As referidas autoridades desconhecem a existência da limitação do número de visitantes em Fernando de Noronha e as consequências de colocar na ilha mais de 600 pessoas de uma só vez, como acontece no caso dos navios de cruzeiro”, disse o secretário estadual de Meio Ambiente, José Berthoti sobre a decisão, em entrevista.

 

Mas não é bom pra economia?

Num primeiro momento pode parecer bom pra economia, principalmente local. Mas não se iluda! Além do excesso dos navios e muitas pessoas que descem e param, essas pessoas não pernoitam na ilha, são excursionistas. Isso gera impacto ao ecossistema e à sustentabilidade dos negócios locais, mas poucos benefícios financeiros.

Como os turistas têm all inclusive nos navios, muitas vezes eles nem comem nos pontos de parada. No máximo compram um souvenir – quando compram, deixando assim a população e negócios locais apenas com o ônus da atividade. Além disso, o número de pessoas chega a superar o da comunidade local. Fora isso, também há a poluição da água em virtude do lançamento de resíduos sólidos e de efluentes.

 

Força da população local

Impulsionada pelos moradores locais que acham um retrocesso essa decisão (uma vez que a circulação de cruzeiros já era permitida e foi proibida por conta do turismo sustentável), está circulando nas mídias digitais uma petição online, que está prestes a atingir a meta de 50 mil assinaturas – mas você pode ajudar.

A conservação e o futuro de Fernando de Noronha como conhecemos está em debate. Iniciativas como controle de voos e emissão de poluentes, além do Centro de Engajamento Noronha Plástico Zero, viabilizado por meio de parceria entre governo e iniciativa privada na ilha, podem vir por água abaixo.

Bora fazer mais pelo turismo sustentável juntos?

 

Foto: Reprodução/ Mercado & Eventos