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Como a mobilização da sociedade pode apoiar os destinos turísticos vulneráveis

Estamos vivendo um momento único com a pandemia de Covid-19 e sendo afetados de maneiras diversas por isso. A questão que fica, para além do dilema econômico, é como manter a sobrevivência das famílias que estão nesta ponta mais frágil da cadeia do turismo? Com esta reflexão na cabeça é que outro dia tive a felicidade de conhecer a Luciana Pinto, do Instituto Caminho do Meio em Alto Paraíso e fiquei sabendo da linda história de mobilização social diversas organizações da Chapada dos Veadeiros estão construindo.

Um dos setores mais afetados pelo contexto atual é o turismo. E com isso não falamos apenas de grandes companhias aéreas e redes hoteleiras, mas especialmente da cadeia de turismo que atua nos destinos, dos trabalhadores que tem seu sustento diretamente relacionado com esta atividade, e que hoje estão em situação de vulnerabilidade, tanto pela diminuição ou até mesmo a perda total da sua renda, quanto por muitas vezes morarem em locais com estrutura de atendimento de saúde precário, onde o viajante que vem de fora pode colocar toda uma comunidade em risco como um agente de contaminação.

 

O que fazer quando seu ganha pão vira uma ameaça à sua vida?

Muitos destinos turísticos ficam com a população, o poder público, o empresariado e as demais instituições da sociedade divididos entre a pressão por continuar sua atividade econômica e os sérios riscos à saúde de toda a sua população. A região da Chapada dos Veadeiros é um dos maiores polos turísticos do Brasil. A crise da Saúde Pública no contexto da atual pandemia, com a interrupção total do turismo – base da economia local -, desafia a sobrevivência de milhares de moradores.

Assim como acontece em vários municípios da região do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o turismo é a principal fonte de renda da população de Alto Paraíso. Mas, com as medidas necessárias para evitar o alastramento do vírus, a cadeia produtiva do turismo simplesmente parou, privando centenas de famílias de seus meios de subsistência. Estima-se que em Alto Paraíso de Goiás cerca de 2.500 pessoas já se encontram em situação de vulnerabilidade social, enfrentando dificuldades no acesso a itens básicos como alimentos, produtos de higiene e saúde.

 

Mobilização por meio da Chapada Solidária

Pensando em soluções para esta situação complexa a rede Chapada Solidária foi criada. Esta rede é composta por diversas entidades e está promovendo uma campanha com o objetivo de enfrentar os impactos socioeconômicos da pandemia. A mobilização da sociedade civil local foi rápida e intensa, batendo as metas de arrecadação em tempo recorde para socorrer famílias em situação crítica. Além de garantir a segurança alimentar das famílias afetadas, a iniciativa da rede Chapada Solidária também apoia a economia local, incluindo nas cestas básicas produtos dos agricultores de alimentos orgânicos da região.

O sucesso da iniciativa tem revelado a capacidade de protagonismo da sociedade civil – e o seu potencial para contribuir com a superação de limitações do poder público. O sofrimento das famílias impactadas pela crise do novo coronavírus gerou uma forte corrente de solidariedade e chama a atenção para a maneira como as pessoas estão se doando pela causa com alegria. Por ser uma rede de entidades locais, que não está centrada em uma só instituição, ela tem sido vista pelas pessoas como uma iniciativa que representa a própria Chapada dos Veadeiros – o que parece tem unido as pessoas e estimulado um intenso e gratificante engajamento.

 

O poder da solidariedade

A rede bateu sua primeira meta de arrecadação em apenas quatro dias, levantando 44 mil reais para 350 cestas básicas por meio de uma campanha pela internet. A próxima meta, de 152 mil reais, deverá garantir mais 900 cestas para famílias que estão passando por dificuldades para obter os itens mais básicos de sobrevivência. Clique aqui para saber mais sobre esta iniciativa e sobre como apoiar!

É importante que o momento que estamos vivendo nos provoque reflexões profundas sobre nossa forma de atuação no mundo. Mais do que nunca é essencial mantermos nosso olhar atento aos exemplos positivos que podem nos inspirar a encontrar soluções criativas para os desafios complexos que estamos enfrentando. Não podemos perder de vista a importância das ações coletivas e colaborativas, da mobilização social movida pela compaixão genuína.

 

Relembre as campanhas de mobilização que já fizemos na Raízes e o que falamos sobre o tema.

 

Por Tauana Costa