Skip to main content

O que biografias de mulheres me ensinaram

Eu não tinha o hábito de ler, nem biografias de mulheres. Apesar dos meus irmãos serem leitores ávidos, eu ainda não tinha sido conquistada por esse universo. Era difícil me concentrar e achava que ler me dava sono. Isso começou a mudar quando me mudei pra Sampa – depois de morar em São Carlos para estudar na USP e sendo de Pompeia, ambas no interior de São Paulo – para um apartamento sem TV e onde eu ficava boa parte do tempo sozinha em casa.

Nesse cenário, amigas que já tinham o hábito de ler me indicaram Americanah, da premiada autora Chimamanda Ngozi Adichie. O livro, que conta a história da nigeriana Ifemelu, sua mudança pros EUA, a criação de seu blog e, 13 anos depois, sua volta para a Nigéria, passando por questões como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero, me ganhou. Logo em seguida, engatei no Hibisco Roxo, da mesma autora, com uma história totalmente diferente, porém envolvente igual.

Fui tomando gosto pela leitura e li mais alguns títulos, a maioria indicada e escrita por outras mulheres. Por isso que quando o pessoal da Raízes propôs falar de mulheres inspiradoras pra esse mês de março, me veio à cabeça indicar algumas biografias de mulheres as quais gostei demais.

 

Várias mulheres em uma

A primeira autobiografia que li foi a de Marguerite Ann Johnson, também conhecida como Maya Angelou. A escritora, que também foi poetisa, dançarina, atriz e lutou pela igualdade racial, conta sobre sua infância e juventude em Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. A obra tem como pano de fundo a segregação racial nos EUA. As descrições do cotidiano e das situações traumáticas pelas quais passou fazem com que o livro desperte diferentes sentimentos durante a leitura.

 

Para além da primeira dama

Outra das biografias de mulheres que terminei recentemente foi a da Michelle Obama, ex-primeira dama dos Estados Unidos. Eu não sabia muito sobre ela e acabei descobrindo, por exemplo, que ela desistiu de sua carreira em um escritório de advocacia para trabalhar com impacto social, empoderando jovens vindos de realidades semelhantes à dela. É uma leitura leve, que dá vontade de pesquisar mais sobre os acontecimentos e buscar os vídeos dos discursos do Barack Obama (advogado, 44.º presidente dos Estados Unidos e seu companheiro) que ela cita.

 

Montenegro

Minha atual leitura tem sido a biografia da Fernanda Montenegro, dividida em “prólogo”, “ato” e “epílogo”. Ainda estou no início do livro, em que Fernanda conta a chegada dos bisavós dela ao Brasil, sua relação próxima com a avó e algumas lembranças de sua infância. Sigo animada para conhecer mais sobre a trajetória dela até se tornar uma das maiores atrizes brasileiras!

O que tenho gostado em ler biografias de mulheres, especialmente autobiografias, que é o caso das três, é o olhar sobre a própria história, e o quanto essas histórias nos aproximam dessas artistas ou ídolos como seres humanos, com suas fragilidades e também sua força. Passei a admirar ainda mais essas autoras que compartilharam suas intimidades, segredos e vulnerabilidades com leitores desconhecidos que podem nem sempre ser empáticos.

Inclusive, aceito sugestões de próximas leituras.  O que você tem lido por aí?

 

Por Marina Camargo