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Quais são os desafios de ensinar comunidade? Percepções do primeiro clube do livro da Raízes

Na última sexta-feira, dia 07 de julho, foi o último dos cinco encontros que formaram a edição número 1 do clube do livro da Raízes. E escolhemos para abrir essa iniciativa Ensinando Comunidade: Uma Pedagogia de Esperança, uma obra da estadunidense bell hooks, professora, teórica feminista, artista, ativista antirracista e autora de mais de 30 livros – entre eles o famoso Tudo Sobre o Amor. Em outras palavras: uma mulher incrível e admirada no mundo todo. 

A ideia do clube do livro surgiu inspirada em conversas internas da Raízes sobre a vontade de discutir temas relevantes com pessoas da nossa comunidade, para além de apenas a equipe fixa e de gestão de projetos. E para que isso acontecesse, pensamos em formar, de tempos em tempos, esse grupo que se reúne com determinada periodicidade para conversar sobre uma obra específica. Os títulos são escolhidos e lidos por todos, de forma integral ou parcialmente. 

Com a proposta em mente, fomos à prática! Fizeram parte dessa primeira turma Andreia Duarte, Anna Ferreira, Barbara Ataide, Bruna Canal, Hugo Satiro, Isabel Damaceno, Jussara Rocha, Lizandra Barbuto, Mariana Madureira, Marina Claus, Priscila Silveira e Tauana Costa.

“Fazer a leitura do livro sozinha por aqui, mas sabendo que eu estava dentro de uma rede, me deram muito estímulo para continuar. Ler esse livro me ajudou muito nesses últimos meses que muita coisa aconteceu comigo e com meu trabalho”, comentou Bruna.  

Percepções sobre Ensinando Comunidade

Ao longo da obra, bell hooks compartilha suas experiências como professora, além da própria vivência como estudante. A todo momento, ela contextualizada o cenário de segregação racial nos Estados Unidos. Fala ainda sobre os desafios que se impõem aos docentes efetivamente interessados em colaborar com a luta antirracista e com a quebra dos paradigmas da dominação. 

hooks compartilha suas percepções com relatos de difíceis vivências como de abusos e preconceito na academia, a reprodução de padrões de poder, o autoritarismo do sistema acadêmico e, com isso também, a dificuldade de manter a própria motivação em alguns momentos. Reforça ainda o “viver em comunidade”, que não significa conviver somente com quem carrega as mesmas vivências ou pensa igual a você, pelo contrário: diz respeito também a lidar harmoniosamente com o adverso. 

Sobretudo, ela fala de esperança. E, nesse sentido, o grupo achou interessante esse “esperançar” e a alegria na educação “não séria”. Com suas reflexões, a autora traz soluções positivas, possíveis e no caminho do esperançar freiriano – em referência a Paulo Freire,  educador e filósofo brasileiro que ela cita por vezes em sua obra. Apesar do contexto bastante estanudiense do livro, conseguimos ainda fazer algumas conexões com a atuação do nosso negócio social, especialmente sobre o lidar com o outro pelo caminho do diálogo e da compreensão e também de seguir pela luta antirracista. 

“A cultura do dominador tentou alimentar o medo dentro de nós, tentou nos fazer escolher a segurança em vez do risco, a semelhança em vez da diversidade. Deslocar-se nesse medo, descobrir o que nos conecta, nos divertir com nossas diferenças; esse é o processo que nos aproxima, que nos oferece um mundo de valores compartilhados, de uma comunidade significativa”, bell hooks. 

Em breve divulgaremos a abertura da próxima turma e a obra escolhida. Se você é parte da comunidade Raízes, também poderá participar! Agora, se você está entre o grupo mais amplo de pessoas que nos acompanham, vamos compartilhar com você, como estamos fazendo agora, um pouco dos nossos aprendizados e reflexões. 

Você já leu Ensinando Comunidade? Comente nas  nossas redes e compartilhe conosco também as suas percepções.