O Pantanal é a maior área inundável do planeta e por sua beleza e biodiversidade, um grande destino de ecoturismo para o Brasil. Nas últimas semanas, muito provavelmente o assunto mais comentado no país foi o desmatamento no Pantanal, especialmente através de incêndios criminosos. Até o final de setembro foram quase 3,5 milhões de hectares queimados – área equivalente a mais de 34 mil km².
Além disso, teve a recente retirada das regras que protegiam restingas e manguezais no Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA.). Sabe-se que grandes responsáveis pela pressão na alteração dessas regras são hotéis de luxo e resort que querem autorização para construção mais próxima ao mar. O Ministério Público e a sociedade civil fazem pressão para retornar com as medidas protetivas, mas o momento é de grande fragilidade para os ecossistemas brasileiros. Com tudo isso, a reflexão que fica é: estamos na contramão do meio ambiente e do ecoturismo?
Pode parecer chover no molhado, mas é bastante o quanto isso afeta a vida de todas as pessoas. Sempre bom lembrar que, pensando no planeta Terra, não existe fora. Então toda e qualquer ação está intrinsicamente ligada à vida humana por aqui. Se falarmos “apenas” na preservação ambiental do meio ambiente não for suficiente, não custa lembrar: o potencial de desenvolvimento econômico que o turismo sustentável pode trazer é enorme, não apenas com receitas, mas também com geração de empregos. Mas o turismo deve ser uma ferramenta de desenvolvimento e transformação positiva e não um mecanismo de pressão para ocupação de terras que gera grandes lucros a poucos.
O ecoturismo e o turismo de base comunitária são atividades fundamentais como fonte de renda na região pantaneira – e, obviamente, o descaso com o meio ambiente afeta diretamente a vida de milhares de pessoas. Tivemos o privilégio de conhecer bem esse território na Expedição Pantanal de 2011, e se quiser conhecer um pouco mais sobre iniciativas sustentáveis de ecoturismo na região, clique aqui).
Impacto negativo
Para entender um pouco sobre como o desmatamento no Pantanal e a quebra da proteção a restingas e manguezais impactam além do meio ambiente, podemos trazer alguns números. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o Brasil faturou US$ 7 bilhões com turistas estrangeiros em 2017. No mesmo ano, a Austrália, com atrativos naturais similares aos nossos, arrecadou mais de US$ 41 bilhões.
A conta não é tão difícil de fazer: são quase 6 vezes mais de receita para o país. Receita esta, aliás, que poderia trazer impactos positivos enormes não só para o meio ambiente, mas para dezenas de milhares de pessoas em todo o território nacional.
Com o desmatamento no Pantanal e a possível construção de resorts em áreas de restinga, o Brasil perde pontos importantes em relação a beleza natural – o que, sabemos, é um dos principais atrativos para quem viaja.
Políticas ambientais
Tratar o meio ambiente com a atenção necessária é, portanto, ponto fundamental para a preservação não só da natureza exuberante que o Brasil tem, mas também garantia da geração de renda para milhares de famílias. Não é fácil calcular, mas o impacto ambiental negativo ocasionado pelos dois pontos citados acima é extremamente grave.
Enquanto nação, o Brasil não pode varrer o que está acontecendo para baixo do tapete. É uma oportunidade de falar em alto e bom tom que isso não pode continuar a ocorrer, unir pessoas e entidades e mudar de verdade. Temos certeza: potencial não falta para mudar o que está acontecendo.
Por ora, como sociedade civil, resta aos que discordam manifestar sua discordância através das ferramentas democráticas disponíveis para tal. Nesse sentido, se você, como nós, discorda da retirada da proteção ambiental das restingas e manguezais, sugerimos o abaixo assinado organizado pelo change.org. contra esse desregramento específico ou contra o líder de todos eles, aqui.
Também é possível contribuir doando para entidades independentes que buscam combater os incêndios e o desmatamento no Pantanal como o Greenpeace e a AMPARA que está resgatando animais do fogo.
Temos a certeza de que o ecoturismo e o turismo sustentável podem contribuir decisivamente para isso. E mais: a conservação ambiental precisa estar entre as principais políticas públicas do Brasil.
São estas as nossas reflexões de hoje. E você, o que pensa disso?