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Benchmarking: como as viagens de inspiração ajudam a construir referências

Fazer as pessoas aprenderem com outras experiências e, na prática, poderem adaptar e aplicar o que viram à realidade delas. Essa é a resposta de como as viagens de inspiração ajudam a construir referências. A prática de viagens benchmarking serve literalmente como “ponto de referência”. Inclui metodologias e um minucioso processo de pesquisa que permite aos gestores compararem produtos, práticas empresariais e serviços, absorvendo o que de melhor podem trazer para seus próprios negócios.

Na Raízes a gente acredita muito no aprendizado através da prática e da inspiração, por isso essa é uma das nossas ferramentas preferidas. Só nesta semana, por exemplo, estivemos em campo por duas vezes conectando municípios e comunidades de Minas Gerais e Espírito Santo.

 

Conexão Resplendor x Venda Nova do Imigrante

Começamos a semana em Venda Nova do Imigrante, um município do Espírito Santo referência como destino de agroturismo. Esse é um segmento dentro do turismo rural, baseado especialmente na venda dos produtos que famílias produzem nessas pequenas propriedades rurais.

A visita de benchmarking conectou esses empreendedores ao grupo de cinco incubados de Resplendor, em Minas Gerais, por um projeto da Fundação Vale executado pela Raízes.  A maior parte é de produtores rurais que estão começando um negócio de turismo rural. Apenas um é de cicloturismo, mas que também foi contemplado por uma trilha que fizemos e que passa por algumas propriedades.

“A ação foi bastante impactante especialmente para os produtores rurais de Resplendor que estão começando. Eles tiveram a oportunidade de se enxergar e vislumbrar um futuro. De absorver que isso não é um trabalho de curto prazo, mas que é possível e que eles estão vendendo mais a história do que o produto em si. E que uma história bem contada, um lugar cuidado, fica muito especial e atrativo”, conta a supervisora administrativa e gestora de projetos aqui na Raízes, Tauana Costa, que acompanhou o grupo.

 

 

Bordadeiras daqui e acolá

Em paralela a essa ação, alguns dias da semana foram de troca entre as bordadeiras de Ipoema e as tecelãs de Senhora do Carmo, em Itabira, Minas Gerais. Os dois grupos, que são ambos beneficiados por projetos de desenvolvimento local – e inclusive tem uma linha de produtos juntos –, foram conhecer as bordadeiras de Cordisburgo.

No encontro foi possível conhecer como o grupo de Cordisburgo se organiza, adquirindo informações sobre a associação, o processo de produção e a inspiração para os bordados. O Grupo Estrela do Sertão faz parte da Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa. Todo ano o museu define uma obra do autor para homenagear e as bordadeiras então começam a produzir bordados sobre a temática da obra. Fomos muito bem recebidas, com uma apresentação de teatro, histórias de Guimarães Rosa recitadas pelas bordadeiras e como não poderia faltar, aquele cafezinho com quitandas e bolinhos feitos pelas mulheres do grupo. Além de conhecer o grupo e seu processo produtivo, a viagem teve também como objetivo a integração das bordadeiras e tecelãs itabiranas e principalmente enfatizar como podemos dar vida nova à da cultura e à identidade marcante de um povo. Cordisburgo e Guimaraes Rosa se confundem e seu legado está além da sua obra literária. Foi o que foi visto e sentido pelas visitantes!” relata Isabela Braichi, gestora de projetos na Raízes que acompanhou o grupo.

 

 

Além das técnicas do trabalho em si (o bordado), elas têm em comum o fato de carregarem em seu território a herança de dois gigantes da literatura brasileira. Codisburgo é terra de Guimarães Rosa. Itabira, de Carlos Drummond de Andrade. Codisburgo tem as grutas do sertão mineiro (que inclusive os grupos de Itabira visitaram). Itabira tem montanhas, cachoeira, tem fauna, tem flora e o tropeirismo, característica cultural da região. “Foi muito boa a viagem. E também muito produtiva. Estou feliz de ter participado. Tenho algumas ideias para aproveitar o aprendizado. Amei. O que mais me encantou foi o carinho e a atenção das meninas do grupo Estrelas do Sertão e os bordados dos escritos de Guimarães Rosa”, destacou Aurélia de Almeida Pena, bordadeira de Ipoema.

Pela riqueza dessa troca, temos aplicado o benchmarking em vários projetos. A gente acredita que a conexão entre as pessoas faz ainda mais sentido em projetos que envolvem economia criativa, território e cultura, por isso traz muitos ganhos.