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Podemos falar em gourmetização também no artesanato?

É comum encontrar produtos, especialmente gastronômicos, com combinações improváveis e criações que quase nada têm a ver com a identidade original sendo chamados gourmet. Em contramão da crítica, os números mostram que esse mercado só cresce. Mas será que o termo vem sendo empregado do jeito certo? O que significa mesmo a gourmetização de um produto? Ele também pode ser usado para o artesanato?

“Pessoa que é grande conhecedora e apreciadora de boa comida e bons vinhos”. Essa é a definição da palavra gourmet de acordo com o dicionário Michaelis. Hoje o termo é muito mais abrangente e se refere aos mais diversos mercados. Também ganhou uma conotação pejorativa. Dizer que algo é gourmet para alguns é quase uma piada e até ganhou uma página de memes no Facebook chamada Raio Gourmetizador, que faz críticas bem humoradas aos preços e nomes de coisas.

Sobre os números do mercado no Brasil, entre as redes com pretensões gourmet que correm para se desdobrar pelo país, a Bacio di Latte soma mais de 120 unidades, segundo a revista Exame. É uma média de 15 inaugurações por ano. A rede Madero, por sua vez, tem perto de 110 filiais.

 

O conceito

São três os fatores que definem um produto gourmet, de acordo com a publicitária Emilia Kourenço, em seu estudo “O fenômeno da gourmetização”. Quando fala em alimentos, ela destaca necessariamente a presença de ingredientes de alta qualidade, combinados de formas pouco usuais, a apresentação impecável, desde o produto à embalagem, e o preço acima da média, porém acessível.

 

“Caso os itens acima sejam cumpridos, as chances de um produto gourmetizado obter sucesso tendem a ser grandes, uma vez que ele não recai num dos maiores erros da gourmetização que já foi citado anteriormente: o washing que ocorre com alguns produtos que recebem o título de gourmet sem nenhum diferencial real de sua versão anterior”, argumenta a publicitária.

 

O nosso olhar é de que, em outras palavras, o “gourmetizar” é a nova versão do “agregar valor ao produto”. E neste caso ele cabe sim ao artesanato, mas neste caso valorizando ainda mais a identidade, sem o washing citado por Emilia nem esse lugar pejorativo que volta e meia a gente se pega caindo. É preciso manter a essência do negócio, é isso que dá o sentido ao artesanato. O desejo de que as pessoas tenham o produto e mantenham ativos na memória os sentimentos, o quanto o artesanato está ligado à afetividade e à identidade de um povo.

 

Inclusive, acabamos de lançar em nosso canal no Youtube um vídeo que conta um pouco da nova linha de produtos da Flores do Carmo Tecelagem Artesanal e das Bordadeiras de Ipoema, um trabalho co-criado durante pouco mais de dois anos para fortalecer a identidade das mulheres de Senhora do Carmo e Ipoema, localidades rurais de Itabira, em Minas Gerais.

Confira a seguir!