Ser uma empresa B vai muito além de conseguir a pontuação necessária para a certificação. Não é uma posição e sim uma direção. A Avaliação de Impacto B (BIA) – que avalia as práticas socioambientais de um negócio a obter o selo de acordo com os seus pontos – é também uma maneira de olhar para dentro e ver para onde você pode evoluir. Ela te dá uns caminhos possíveis para avançar – inclusive se você é uma das empresas B já consolidadas, que considero ser o caso da Raízes.
Por aqui, pensamos em quais pilares presentes na BIA ainda podemos evoluir, em que práticas podemos implementar para melhorar ainda mais o nosso impacto e, inclusive, a mensuração dele, porque é algo importante para nós. Quando olhamos para dentro da Raízes, sabemos do impacto que ela tem por causa dos projetos que faz, de quem são os beneficiários, dos resultados que temos, mas como é que a gente comprova isso através de dados?
Esse sempre foi um desafio (inclusive bem anterior à minha chegada, uma vez que fui contratada em 2018 e a Raízes existe desde 2006). E, então, sendo uma das empresas B, vemos formas de fazer isso e que aliás podem ser simples, como tornar a maneira como agimos “voluntariamente”, por ideal, meio que “sem pensar”, em uma política do negócio social.
A Raízes busca desde sempre, por exemplo, dar oportunidades de trabalho para mais mulheres principalmente por ser um empreendimento feminino e estar alinhada com o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU): “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Por consequência disso, contrata muitas mulheres. Mas antes não havia nenhuma política oficializada sobre isso. Agora temos: buscamos priorizar contratações diversas.
Outro exemplo são os nossos fornecedores. A Raízes sempre priorizou comprar de associações, comprar produtos regionalmente quando estamos em campo como forma de incentivar a economia local. Depois incluímos isso como critério em uma Política de Compras, justamente porque enxergamos com a BIA uma forma de acompanhar esses fornecedores e que, de quebra, traria pontos na nossa avaliação B.
Como saber mais da Avaliação de Impacto B (BIA)?
Resolvi escrever esse artigo porque participei há pouco da nova versão do curso de Multiplicadores B, que durou quase três meses (a anterior era de dois dias, em período integral). E foi uma imersão e tanto! Para além de encontros sobre Novas Economias, Movimento B e Práticas e Impacto B, tivemos um Laboratório de Estratégias de Impacto, onde atendemos empresas reais interessadas em aprimorar o impacto de suas ações. As empresas participantes foram escolhidas colaborativamente com base em indicações que nós, participantes, fizemos no começo do curso.
A empresa que o meu grupo – composto por profissionais da arquitetura, comunicação social, engenharia ambiental e psicologia, de 3 regiões do Brasil (norte, nordeste e sudeste) – auxiliou foi uma consultoria de soluções ecoinovadoras baseada em João Pessoa, na Paraíba. O que fizemos foi usar a metodologia e os frameworks desenvolvidos pela Decah (parceira do Sistema B nessa jornada), baseados nas cinco verticais do BIA, para construir junto com a empresa estratégias de impacto alinhadas ao seu momento e às suas prioridades.
Isso aconteceu durante vários encontros virtuais entre nós e também com a empresa, e o resultado não poderia ser melhor: no feedback, além de gostarem, elas (por ser tratar de um empreendimento feminino) tiveram vários insights de coisas que poderiam fazer para melhorar o serviço, formas de medir como ele está sendo oferecido e o valor que elas estão gerando para os clientes, micro e pequenas empresas de João Pessoa. Desta maneira, a nossa contribuição foi um convite a olhar como estavam e o que podem fazer daqui pra frente.
Inclusive, a minha dica é que se você quer saber como seu negócio está em relação às suas práticas socioambientais e o que pode fazer para melhorar nesses pilares (Meio Ambiente, Governança, Trabalhadores, Comunidades e Clientes), você pode usar o BIA gratuitamente pela plataforma oficial. Leva 30 minutos para ter uma visão rápida e resumida de seu impacto ou de duas a três horas para um relatório de impacto completo. #ficaadica
Por Marina Camargo