As soluções para o desenvolvimento tem sido cada dia mais focadas no movimento coletivo. No Brasil existem cerca de 300 mil organizações não governamentais privadas sem fins lucrativos, segundo o IBGE/IPEA, em estudo de 2010. Entre elas, a Associação, que atua em quase todos os setores profissionais, buscando soluções de desenvolvimento, educação, meio ambiente, cultura e defesa de direitos civis e sociais.
Embora esse número seja crescente, isso não significa que essas organizações estejam alcançando seus objetivos na prática. É mais! Uma grande parcela delas tem dificuldades em se manter ativas e atuantes, muitas vezes permanecendo no ostracismo e não raro na descredibilidade.
Parte deste contingente de ONGs também tem sido criada para atendimento a objetivos políticos gerando uma pratica perversa e uma cultura de oportunismos que cria uma imagem no mínimo equivocada do movimento coletivo.
“Criar” é fácil! “Manter” é a questão…
O terceiro setor demonstra que é potente para conquistar direitos e gerar soluções de desenvolvimento mais equilibradas. Mas, se por um lado a soma de várias pessoas e sua disposição em atuar por uma causa comum é cada dia mais evidente, a experiência mostra que há ainda um longo caminho a percorrer no sentido da sustentabilidade/sustentação.
Quando surge uma questão a ser resolvida setorialmente, a primeira coisa que os envolvidos pensam: vamos criar uma associação! Juntos somos mais fortes. Sim, é verdade! E um início cheio de entusiasmo acontece.
Aí vêm as questões burocráticas, de formalização, de definição de atribuições e funções, de disponibilidade voluntaria para o trabalho, de necessidade de recursos financeiros para as atividades e manutenção dos custos da organização. Enfim, o dia a dia não é moleza!
Neste momento, começam também os problemas.
A maioria começa a virar minoria. Ninguém tem mais tempo. Os recursos são escassos. Alguém precisa pensar em como captar e onde. As reuniões são cheias de discussões, mas as soluções nem sempre aparecem. As ações são pontuais. A omissão e a ausência dos participantes deixam espaço para a concentração de decisões. As divergências ficam maiores que as congruências e, aos poucos, os muitos empolgados de antes se transformam em um pequeno grupo. Alguém já viu esse filme por aí?
Como ser uma Associação efetiva
A nossa experiência à frente da Raízes, com apoio e gestão de organizações do terceiro setor em 10 anos de atuação, nos orienta sobre quais perguntas devem ser respondidas e que lições devem ser aprendidas nesse caminho. São coisas que já comprovamos e que causam impactos diretos na viabilidade de muitas Associações.
Por isso, listamos 7 passos que, seguidos à risca, vão facilitar uma associação forte e unida. Ninguém disse que é fácil. Mas sim, é possível. [Ah, aproveitei para hiperlinkar alguns cases nossos relacionados em cada item. É só clicar para saber mais!]
- – Defina o foco
O início normalmente vem da necessidade de solução para um problema comum a um grupo de pessoas ou setor. Além da clareza do problema, é preciso saber o que de fato que modalidade de organização poderá ser mais eficaz.
A confusão entre as modalidades de ONGs (organizações não governamentais) é recorrente e impacta diretamente no atingimento dos objetivos pretendidos. Associação, Cooperativa, Fundação? Fórum, Coletivo, Grupo? A organização resolve todos os problemas de um grupo, setor ou comunidade? Não!
Ter clareza do problema, pesquisar e definir o foco da organização é fundamental! Logo, a dica é: não faça nada no impulso. Conhecer experiências similares é uma dica simples e eficaz.
Para saber quais são os próximos seis itens, acompanhe a 2ª parte do texto que postaremos na quinta-feira, dia 17.
Por Jussara Rocha – fã do movimento coletivo, acredita que embora o trabalho seja grande e longo as mudanças acontecem. Facilitadora de processos coletivos e organizações do terceiro setor, está sempre engajada em algum movimento/causa que acredita impactar o mundo positivamente.