Um projeto, quatro anos depois. Sempre falamos da importância do monitoramento e de manter contato com as pessoas e iniciativas que cruzaram nosso caminho nessa jornada de Raízes, que já passa de uma década. Dessa vez, resolvemos retomar um projeto de governança no turismo bastante significativo para nós, o programa de desenvolvimento turístico do estado do Maranhão.
O que era para ser somente uma entrevista acabou virando também uma agradável surpresa, cheia de novas percepções e mais e mais frutos prestes a serem colhidos!
Mas melhor do que ficarmos aqui falando por ela é você conferir a entrevista que fizemos com Glória Pinto, atual Superintendente de Regionalização da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur) do Estado do Maranhão, que acompanhou todo esse processo de governança no turismo à época. Acompanhe a seguir.
Raízes: Glória, de que maneira você acompanhou a atuação da Raízes durante o projeto de desenvolvimento turístico do estado do Maranhão? Qual era o seu cargo na época?
Glória: Quando a Raízes foi contratada para trabalhar os 10 polos e junto a equipe da Sectur à época, eu trabalhava na Promoção. Tínhamos dois setores: a Superintendência de Relações Institucionais (SURIC) e a Promoção. A SURIC lidava diretamente com os 10 polos turísticos e os municípios que os compunham. Como eram 10 e não tinham esses 10 funcionários para articular com cada um, quando a Raízes entrou através da Jussara Rocha, em reunião com todos os funcionários, eu, de Supervisora de eventos, fui participar do trabalho junto com a equipe da SURIC. Mas meu cargo era de Supervisora de Eventos, trabalhava na promoção.
E qual era o seu papel especificamente naquele projeto?
O papel designado cada pessoa ou para cada dupla era trabalhar com um Polo. Eu fiquei no Polo Amazônia Maranhense, um polo bem distante, perto do Pará, em desenvolvimento (…). O meu papel era fazer todo o levantamento do polo, fazer todas as visitas técnicas nos possíveis atrativos e futuramente produtos, fazer reuniões, etc.
Assim, éramos chamados de interlocutores. E direcionamos para cada município dentro de cada polo também ter um interlocutor. Esse interlocutor entrava em contado direto comigo, me passando todas as necessidades.
Fizemos uma Matriz de Atividade que até hoje eu ainda uso como Superintendente de Regionalização. Uso essa matriz de atividade que a Jussara implantou e a que a gente fez in loco. Passei 10 dias no polo, visitei todas as praias, todos os produtos. Então, o Polo da Amazônia Maranhense é um polo muito bem adiantado nesse processo.
E hoje? Onde você trabalha e qual é o seu cargo?
Hoje eu sou Superintendente de Regionalização. Desde que a Raízes deixou de atuar aqui, em 2014, já fiz dois remapeamentos. Fiz o remapeamento de 2016 e, agora, o de 2017, e estou trabalhando diretamente com os polos. Hoje eu estou usando inclusive o material que a Jussara deixou com a gente. Quando entrou esse atual governo, Flávio Dino, que é o nosso Governador, eu conversei com a equipe de assessoria dele e falei do projeto da Raízes.
Falei, levei todos os modelos, todo o trabalho que eu guardo, dei tudinho. Aí passei para assessoria, expliquei que a gente estava com aquele projeto parado. Que eu como superintendente de regionalização gostaria de continuar aquele trabalho e eles aceitaram! O Governador comentou: “foi honorário público e nada mais justo que continuar um trabalho desse porte”. E hoje eu estou dando andamento ao trabalho da Raízes, sob as mãos de Jussara.
Eu já entrei em contato, agora há pouco, tem um mês, eu acho, que a gente fez o Encontro de Regionalização do Governo do Estado do Maranhão e eu passei para cada polo o planejamento estratégico que Jussara deixou em 2014, mas eu fiz toda uma atualização dele junto com eles [os outros interlocutores]. Eles amadureceram. A maioria deles que estão ainda no turismo dos municípios ainda são daquela época. Podem não ser secretários de turismo, mas ainda estão trabalhando com turismo no município.
Então, nós chamamos os 53 municípios que hoje são cadastrados nos 10 polos e fizemos a reunião, entregamos todos os planejamentos estratégicos junto com eles. Fizemos uma roda de planejamento in loco, dentro do espaço lá do centro de convenções. Foi a tarde inteira com a gente trabalhando. Foi muito legal! E agora em janeiro a gente vai retomar e receber o planejamento estratégico, a instância de governança e os conselhos para eles analisarem.
Quais eram as necessidades do Sectur ao contratar a Raízes em 2013?
Eu fui conhecer o trabalho da SURIC por meio do trabalho da Jussara. Ou seja, foi a chegada da Raízes que uniu os dois setores técnicos e a gente acabou se conhecendo. A gente já se conhecia como pessoa, mas não como profissionais e o que fazia. A não ser Cadastur [Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo], que eu tinha noção do que eles faziam, mas de resto eu não tinha. Eu não sabia o que eles faziam nos polos. Então, a gente acabou conhecendo tudo, ela fez a integração da equipe, ela fez o planejamento estratégico da Sectur, e nós, interlocutores, fizemos um planejamento estratégico junto ao dos polos com assessoria dela.
Como foi o processo inicial de implantação do projeto?
O processo inicial da implantação da Raízes foi magnífico! Uma vez por semana, a Jussara reunia com todos os funcionários. Passávamos a tarde todinha trabalhando com ela dizendo o que a gente queria, o que a gente não queria, porque a gente não acreditava, o que a gente acreditava, o que o município precisava, o que não. Enfim, a gente fez todos os processos possíveis para que viesse à tona a nossa vontade de trabalhar.
E não foi só com os funcionários que ela fez, ela fez com Secretários Adjuntos, ela fez com Secretário Titular, ela fez com Chefia de Gabinete. Ela fez reunião com todas as pessoas da Secretaria, e dizendo para eles a importância de que a gente tinha que vestir a camisa da Secretaria, que ela descobriu valores, ela descobriu pessoas que estavam sem entusiasmo, sabe? Então, ela revigorou a Secretaria.
Na realidade, a palavra é essa. Ela colocou a autoestima da gente lá em cima. Ela fez a gente acreditar que a gente tinha condições de fazer tecnicamente.
Então, para mim, a passagem da Raízes na Secretaria de Turismo do Maranhão foi assim tudo para nós. Até hoje não tem uma pessoa que trabalhe com regionalização que não lembre de Jussara.
E quando eu disse que ia fazer esse processo, que ia retomar o trabalho, as pessoas que ainda trabalham nos municípios e vivenciaram essa atuação ficaram fascinadas!
Considerando o panorama geral do projeto, qual foi a principal mudança que você sentiu no setor turístico do Maranhão?
O Maranhão realmente está mudando muito até por causa da própria mudança do governo. Hoje o governado está fazendo muitos acessos. Acessos que a gente achava que não iriam acontecer. Por exemplo, Paulínio Neves é uma cidade que ela é linda, ela tem atrativos maravilhosos, porque ela fica perto dos Lençóis Maranhenses, mas a gente não tinha como chegar lá. Hoje temos a estrada para lá até bem perto do atrativo.
Então muitas coisas têm mudando desde os quatro anos em que a Raízes esteve aqui. Muito ainda vão mudar. A partir de janeiro, eu vou receber os deveres de casa que eu passei para eles no encontro de Regionalização do mês passado.
Os 10 Polos mantêm sinergia entre si?
Alguns mantém sinergia, alguns. A [sinergia] que aconteceu mesmo foi no mês passado, no encontro de todos eles, porque inclusive o Governador conheceu todos eles. Os 10 polos. O Governador sabe das estratégias de região e sabe também dos polos, mas não sabia que esse projeto estava tão revigorado. Então, levei ele em todos os estandes dos polos, conheceu todos os interlocutores, recebeu materiais dos municípios pequenos. Então foi muito bom esse reencontro! As pessoas se empoderaram, os prefeitos e interlocutores viram que a gente pode fazer alguma coisa com relação aos atrativos.
Para manter essa sinergia, no ano que vem, logo em janeiro ou fevereiro – assim que abrir o orçamento, a gente já vai fazer essas visitas aos polos novamente, até setembro – por causa da eleição (…).
Você enxerga que os processos se perpetuam até hoje?
Sim, sim, se perpetuam sim (…). Estamos trabalhando com muito entusiasmo, acertar, continuar, porque é a única coisa que a gente pode fazer pelo maranhão, com esse tanto de atrativos, com esse tanto de polos e ainda por cima com essa distância territorial grande.
A gente passa 4 ou 5 horas para chegar em outro município. É o que nos prejudica mais, pelo Maranhão ser tão grande. Mas a gente está resolvendo, a gente está fazendo um aconchego melhor, um município central para que todo mundo se encontre naquele município para poder trabalhar.
Agora eu sempre coloco para eles “Não fiquem [só em seus municípios], vão, visitem uns aos outros, façam reunião num lugar ‘x’, no próximo mês num lugar ‘y’, aí vocês podem se conhecer. E esse é o grande objetivo da regionalização. É essa integração, esse trabalhar junto, né?
Para finalizar, qual foi a importância dessa contratação? Por que fez a diferença?
Eu não tenho dúvidas de que foi um crescimento. A contratação da Raízes nunca foi esquecida. A Instituição que tiver com esse problema, querendo iniciar a regionalização, querendo trabalhar integrado, querendo trabalhar a formalização de suas regiões, polos e circuitos, tem esse suporte nela(…).
Foi um conhecimento que eu devo muito, muito a Raízes. Eu trabalhava há 10 anos em promoção e vendia [destinos, atrativos] sem saber, de fato, o que eu estava vendendo. Hoje eu digo para quem trabalha em promoção: “venham para cá venha conhecer o que vocês propagam, o que vocês falam”, porque o Maranhão é muito rico. E há lugares que precisam ser transformados em produtos.
