Como é possível fazer o resgate de tradições quilombolas e fortalecer o turismo nessas comunidades tradicionais? A resposta para essa pergunta são as ações que temos realizado para o Projeto de Desenvolvimento do Turismo no Quilombo São Domingos, localizado na cidade de Paracatu, em Minas Gerais. A iniciativa é do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Prefeitura Municipal de Paracatu e a Raízes é a parceira executiva de algumas etapas.
Compreendendo o contexto da região
O Quilombo São Domingos, em Paracatu-MG, foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 2004. De acordo com o portal Ipatrimônio, que faz um levantamento detalhado do patrimônio cultural brasileiro, são cerca de 300 casas que formam a comunidade. Quase todas as pessoas são descendentes dos primeiros moradores do quilombo, que, à época, eram escravos livres que resolveram permanecer na região.
Conforme o art. 2º do Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.”
Desenvolvimento turístico e o resgate das tradições quilombolas
O município de Paracatu como um todo tem passado por um processo de desenvolvimento turístico. A Prefeitura e o Sebrae, juntos, fizeram um portal que será lançado em breve com o slogan “Paracatu para viver, visitar e investir!”. Justamente uma dessas frentes, que é o “visitar”, diz respeito ao turismo e tem uma série de ações sendo desenvolvidas. Uma delas, cuja parceira é a Raízes, é a de desenvolvimento dos quilombos.
O Quilombo São Domingos é o principal de Paracatu, mas não é o único. A comunidade tem uma série de tradições, a principal delas a caretagem, uma manifestação muito antiga, tradição passada de geração a geração. A festa é realizada no mês de junho e também acontece em outros dois grupos do município. As pessoas é que produzem as próprias roupas e fazem as cerimônias. Os homens dançam, mas as mulheres são as guardiãs e preparam a festa. Além disso, a alimentação também tem pratos típicos e toda a comunidade se envolve.
“Estamos começando este ano pelo Quilombo São Domingos, mas a ideia é que existam outras fases de desenvolvimento. Nas próximas idas ao campo, vamos desenvolver com eles os resgates de outras tradições, que os mais antigos ainda se lembram. E os mais jovens estão engajados em trabalhar com o turismo e com a cultura! Então, estamos trabalhando agora no mapeamento desses atores que vão desenvolver o turismo comunitário lá”, explica Mariana Madureira, diretora executiva da Raízes.
Próximos passos
Desde o início da nossa atuação, ainda este ano, já fizemos o reconhecimento do território e, agora, estamos na fase de mapeamento dos atores. Iremos desenvolver a governança turística e começar, ainda em 2023, a identificação dos produtos turísticos.
“A ideia é que no próximo ano, com novas fases, a gente desenvolva este projeto mais profundamente e conecte outras comunidades dentro de uma rota dos quilombos”, finaliza Mariana.
Por aqui, seguimos empolgadas com a possibilidade de desenvolver ainda mais o turismo na região e contribuir com o resgate das tradições quilombolas que dizem tanto sobre as nossas raízes brasileiras.