Por Lucila Egydio
Nem sempre refletimos sobre a importância que existe no ato de tomar decisões. Melhor dizendo, não simplesmente no ato, mas na forma como as tomamos. E isso acontece em todos os âmbitos da vida, pois estamos fazendo isso automaticamente a todo o momento: levantar ou dormir mais um pouco? Usar azul, cinza, roxo ou amarelo? Café ou chá? De metrô ou de ônibus? Este ou aquele? Isto ou aquilo?
E quando isso se amplia para o âmbito coletivo, a dimensão da importância de encontrar maneiras mais harmoniosas para isso tem ganhado relevância nos últimos tempos, pois não há um só caminho e vários pontos de vista devem ser acomodados. Você já parou para pensar por que e como decide coisas em sua vida, seja individualmente, em família, no trabalho e em outros espaços?
Estamos falando aqui sobre o processo de escolher o caminho mais adequado e, na gestão de qualquer instituição, optar por algo, significa considerar racionalmente um plano de ação dentre vários outros. Afinal, temos de agir em momentos de impasse ou quando temos mais de uma opção a seguir, seja em que aspecto for.
A coisa pode ficar bem complexa ao lembrarmos que cada um se baseia em aspectos subjetivos e que devem ser considerados variados cenários, ambientes e fatores. Coletivamente, por exemplo, significa escolher conforme o panorama em que o grupo está inserido.
Para isso é fundamental considerar o nível de importância da atitude a ser tomada: alta, média ou baixa? Se repete rotineiramente? Pode ser prevista? É cíclica? Ou é algo inédito e inesperado? Pois há formas adequadas de decidir, leitores e leitoras.
Faço uma breve abordagem de cada uma para que visualize quais as mais adequadas a cada momento de sua vida:
Autocrática: é quando uma pessoa decide sobre os outros, sem consultar o grupo. Pode ser útil em emergências, quando não há tempo hábil para ouvir os demais, é justificável em momentos de crise ou quando somente um especialista pode dizer qual o melhor caminho.
Consultivo: acontece quando se busca informações com as pessoas para que alguém tome a decisão. Acontece muito em processos de transição de um modelo autocrático para o democrático e pode ser empoderador ou não, dependendo de como é conduzido.
Oligarquia: o poder está concentrado num pequeno número de pessoas. Só é justificável esse grupo restrito detém conhecimento específico sobre o tema, como juntas médicas, por exemplo.
Minoria: acontece quando um grupo menor resolve pelos demais. Também funciona em questões técnicas – quando um grupo de experts é consultado ou para casos especiais, por exemplo em trilhas nas quais o mais lento define o ritmo da caminhada.
Maioria ou democracia simples: a decisão é tomada pelo maior número de pessoas que votam a favor. No caso, a desvantagem é existir “ganhadores” e “perdedores” – o que ainda não torna essa metodologia confortável para muita gente.
Democracia profunda: em muitos lugares é adotada para reduzir o desconforto da democracia simples. A definição acontece quando há 70% no mínimo, de votos a favor, sendo que esses 70% aprovam por consenso e os 30% restantes têm acordo de minoria leal – não vão prejudicar ou sabotar.
Consenso: ao contrário do que muitos defendem, o conceito de consenso não inclui votação. Todas as pessoas do grupo são ouvidas – pois consentir é permitir que a proposta seja desdobrada no mundo e inclui distribuição de poder. Em geral é o processo mais demorado, mas a execução é rápida, pois é legítima, empoderadora e inclusiva. Todos acabam contribuindo para que o caminho escolhido seja pavimentado com sucesso!
Espero que esse breve resumo ajude cada um a compreender que definir a própria maneira de tomar decisões é a escolha mais sábia em todo o processo!