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Sobre empoderamento feminino, reconhecimento e o seu preconceito

Por 10 de outubro de 2016outubro 13th, 2016Artigos

Preciso falar do Prêmio Claudia! Foi pura emoção. Ter sido indicada com um negócio social já foi sensacional. Mas a campanha que marcou o hall de chegada do Teatro JK e o filme de abertura do evento foram ainda mais incríveis. Mulheres de todas as idades relataram momentos em que ouviram que “já eram velhas” pra isso ou aquilo. A campanha ilustra mulheres correndo atrás de seus sonhos e assumindo homossexualidade aos 50, maternidade independente aos 40, nova carreira aos 37, dentre outros exemplos. “Velho é o seu preconceito”, lacra a campanha da Chronos!

Passar três dias com as outras 21 finalistas dessa edição foi um presente maravilhoso! Entender melhor como funcionam os vídeos da Mari Correa nas comunidades indígenas. Ouvir as angústias da Adriana em relação aos aspectos ainda desconhecidos da microcefalia. Falar sobre a violência no Rio e a importância da comunicação não-violenta com a Mônica. Jantar com a mineirinha Raquel Helen e “costurar” sobre tudo um pouco com a companheira Paula Johns… Não teve preço!

Na minha categoria, Negócios, a minha história com a Raízes Desenvolvimento Sustentável estava ao lado da trajetória de duas gigantes. A Carla Sarni, fundadora da Sorridents, começou do zero com muito suor há 20 anos. Era uma clínica odontológica com atendimento de qualidade A para classe C – e já tem hoje 200 consultórios pelo Brasil. A vencedora, Cris Junqueira, além de uma fofa, é uma empresária super corajosa que ousou criar um banco sem sede, um cartão sem taxa e um relacionamento próximo e virtual com seus clientes na Nubank. Quando conheci a Cris no Claudia Talks do Rio, tirei o meu roxinho da carteira e me entreguei na hora: “Sou sua cliente!” Nasceu ali uma grande empatia e carinho. Muito feliz pela Cris! Muito honrada por ter sido colocada na mesma categoria e comparada com essas duas feras do empreendedorismo feminino!

A categoria Consultora Natura traz uma luz incrível a projetos de base, com foco em desenvolvimento humano. Este ano os jurados provavelmente tiveram uma grande dificuldade para escolher. Uma mineira que cuida com amor de crianças cujas mães são usuárias de crack em uma favela em Belo Horizonte. Uma ativista pelo fim da violência doméstica que desenvolve na periferia, em Duque de Caxias, projetos de valorização e geração de renda com essas mulheres. A vencedora foi uma paraibana arretada que desenvolve um projeto de agricultura e alimentação nas terras áridas do interior do seu estado. Totalmente in love por essas três: Juthaí, Nill e Roze!

E por falar em júri… Que júri!!! Nélida Piñon (primeira mulher a presidir uma Academia de Letras no mundo), Paula Belizzia (presidente da Microsoft Brasil), Marieta Severo (uma as maiores atrizes brasileiras), Luiza Helena Trajano (um espetáculo de mulher e de empreendedora), Ana Lúcia Villela (do incrível Instituto Alana), Alexandra Loras (Negras Empoderadas), Nadie Gasman (ONU Mulheres no Brasil), Mário Cotella (filósofo, adoooro) e João Carlos Martins (maestro e pianista). Não tem discussão! O que esse júri falar, eu assino embaixo 🙂

Fiquei especialmente feliz pela Maria Clara ter conquistado o primeiro troféu Claudia para uma mulher transexual. É uma conquista linda na nossa luta por respeito ao outro, à alteridade em si mas, sobretudo, às minorias e aos grupos que vêm sendo historicamente violentados. A Maria Clara representa as mulheres, as transexuais, as negras e as nordestinas numa única figura de uma tamanho proporcional à sua meiguice.

E ainda no tema violência, o evento emocionou a todos com o depoimento da linda e corajosa Luiza Brunet. O que ela disse reforçou a importância de combatermos a violência doméstica e não nos calarmos. Se não bastasse a forte emoção desse momento, ela ainda surpreende a todos (inclusive a homenageada) convidando ninguém mais ninguém menos que Maria da Penha (sim, ela estava ali no meio da plateia, perto de mim inclusive e não tinha visto). Ela recebeu o troféu Claudia hors-concours. Foi demais… ainda bem que a maquiagem Natura é a prova d’água.

E pra finalizar, ressaltar que a Neide também correu muito na vida pra chegar nesse troféu! Que alegria por essa guerreira linda que deu um exemplo de resiliência fantástico para todas nós. Parabéns, Neide!

E por falar em troféu, já sublimei que não levei um pra casa (tendo ganhado tudo isso, ele se torna só um detalhe). Mas o beijinho do Du Moscovis é uma perda que eu ainda preciso aprender a lidar.

Por Mariana Madureira

Texto originalmente postado no Pulse.