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Raízes DS e Diaspora.Black co-organizam encontro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais 2024

Socioambientais

A Rede Folha de Empreendedores Socioambientais é uma comunidade formada por finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social promovido pela Folha de S. Paulo. Ao longo das últimas duas décadas, foram chanceladas 173 iniciativas, entre finalistas e premiadas desde a primeira edição do Empreendedor Social em 2005.

A Raízes foi finalista no ano de 2012. E, nesta edição de 2024 do encontro, co-organizou essa programação em São Paulo ao lado da Diáspora Black, outro negócio social finalista, mas no ano de 2022 e parceiro da Raízes. Foi o segundo ano que assumimos juntos essa empreitada, sendo que em 2023 realizamos o encontro de membros dentro de um presídio na APAC de São João Del Rey – e contamos como foi por aqui.

Com a missão de celebrar 20 anos de histórias que transformam vidas e territórios, o evento contou com uma programação intensa, voltada para diálogos, conexões e trocas de experiências entre vencedores e finalistas do prêmio nos anos anteriores e desse ano. Ao invés de uma configuração tradicional de auditório, adotamos círculos de conversa com cadeiras vazias (uma técnica de Aquário adaptada), permitindo que qualquer participante se sentisse à vontade para integrar as discussões e compartilhar sua visão.

O evento aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro em espaços simbólicos para o ecossistema de inovações socioambientais, como o Google Campus e o Civi.co, além de contar com parceiros essenciais da Rede. A Diáspora Black, responsável pela logística e organização, conduziu no primeiro dia um tour imersivo pelo bairro da Liberdade, oferecendo uma experiência de troca cultural e reconexão com a história afro-brasileira presente no coração de São Paulo. Já Edson Leite, da Gastronomia Periférica, trouxe a força e o sabor da periferia para as refeições do grupo, com um menu que refletiu a riqueza e a diversidade dos saberes locais.

Uma programação cheia de conexões e aprendizados socioambientais

No primeiro dia de encontro, a roda de conversa sobre práticas colaborativas gerou debates sobre como instituições com agendas aparentemente distintas podem criar sinergias e somar forças. Sob a mediação de nomes de peso, como Gisela Solymos (Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN)/ Catalyst), Tati Monteiro (União BR) e Valdeci Antônio (FBAC), o grupo explorou os desafios e as oportunidades de se conectar em torno de objetivos comuns.

No período da tarde, um dos pontos altos foi a discussão sobre o uso da inteligência artificial e de tecnologias emergentes para negócios de impacto socioambiental. Especialistas como Mônica Pasqualin (Catalyst), Rodrigo Baggio (Recode) e Sanket, da Diáspora Black, destacaram experiências e a importância de a tecnologia estar a serviço da inclusão social e da preservação cultural.

O segundo dia de encontro, realizado no auditório do Civi.co, começou com uma conversa descontraída ao som de café e boas-vindas. Na sequência, os desafios de captação de recursos foram tema de debate com representantes de organizações de peso, como Nina Valentini (Arredondar), Daniel Morais (Atados) e Aline Odara (Fundo Agbara). 

Uma das falas de Aline Odara, foi refletida e aplaudida durante a roda de conversa. Segundo a diretora executiva do Fundo Agbara: “Tem uma questão que eu enxergo e que eu venho provocando o campo para pensar que é o Investimento Social Privado (ISP) e filantrópico no Brasil, ele acontece numa dinâmica que tem um resquício da herança colonial portuguesa: a coisa do favorecimento pessoal. Durante uma agenda recente em Nova Iorque, encontrei uma diretora de diversidade de uma grande empresa global, e, enquanto eu apresentava o trabalho da Agbara, ela foi interrompida e, em seguida, me disse: ‘Aline, primeiro quero te conhecer, ser sua amiga, depois saber do seu trabalho’. Esse comentário expõe algo que acontece com frequência: a confiança e o investimento são direcionados a quem é próximo, a quem compartilha uma mesma origem ou círculo social.

Eu não quero ser amiga. Eu quero que o meu trabalho, que é de excelência, seja reconhecido. É isso que eu quero! Um trabalho que já impactou mais de 4 mil mulheres no Brasil, que se articula em diversas frentes e que tem reconhecimento e atuação internacional. É fundamental que enfrentemos esses padrões de relacionamento e questionemos quem realmente tem acesso a essas oportunidades e decisões. Quem que eu estou favorecendo? Você vai olhar com um olhar mais minucioso, e é o camarada que estudou junto na escola, o colega de faculdade, o cara do beach tênis. Precisamos trabalhar em cima desse resquício colonial. Esse é o maior desafio pra mim pra cuidar de recursos”.

O painel que abordou a saúde mental e a eco ansiedade, uma questão especialmente importante para quem trabalha no campo socioambiental, teve uma forte participação, onde Marianne Costa (Vivejar), Erika Foureaux (Noisinho da Silva) e Alice Freitas (Rede Asta) ofereceram insights sobre a importância do autocuidado.

Com um clima de entusiasmo e conexão genuína, o Encontro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais reafirmou o valor da colaboração e da troca entre iniciativas que, embora diversas, compartilham o propósito de construir um mundo mais justo e sustentável. Cada roda de conversa, cada troca informal e cada refeição compartilhada fortaleceram os laços e abriram portas para novas parcerias.

O evento foi encerrado com chave de ouro no Prêmio Folha de Empreendedorismo Social, no Teatro Municipal de São Paulo, em que todos os participantes da Rede se reuniram para celebrar o impacto social que construímos juntos. Olhando para o futuro, seguimos inspirados e mais fortalecidos para continuar promovendo transformação, conectando pessoas e criando oportunidades socioambientais que transformam vidas e comunidades por onde passamos.