A desigualdade de gêneros, por mais que alguns tentem negar, omitir ou distorcer, é um fato. Uma pesquisa da Folha de S. Paulo de 2015 mostra que, ainda que a atual queda da desigualdade se mantiver, mulheres ganharão o mesmo que os homens apenas em 2085. Ou seja, mesmo num cenário positivo de mudança, ainda há muito a ser feito.
Iniciativas como a da Fundação Vale são exemplos de transformação nas comunidades que impactam toda uma região. É o caso do Projeto Equidade – uma modalidade específica da instituição para incluir mulheres no mercado de trabalho e diminuir o problema da desigualdade de gêneros.
Desta vez, o projeto (que já teve uma edição) está acontecendo especificamente num distrito chamado Senhora do Carmo, em Itabira, Minas Gerais. Trata-se de uma iniciativa que envolve mulheres tecelãs, que fazem artesanato com o tear manual. A intenção é ajudá-las a criar um negócio e quem está à frente dessa implantação e gestão somos nós, da Raízes.
Etapas de construção
Iniciamos as atividades em novembro e, ao todo, serão 14 meses de projeto. A primeira etapa foi o mapeamento das mulheres que iriam fazer parte do grupo. Agora estamos na segunda parte: a construção de uma visão para esse negócio coletivo. Paralelamente, iniciou-se também a formação.
Essas artesãs estão tendo aulas de design e, nesta semana, visitaram o Museu da Moda e o Museu Minas Vale, ambos em Belo Horizonte. Assim puderam se inspirar, entender o caminho que percorreu a tecelagem desde seu surgimento e atualizar sobre o que o público está consumindo esteticamente hoje. O propósito é que encontrem um mercado mais competitivo e produzam produtos com alto valor agregado. Depois dessa etapa, elas ainda terão aulas específicas sobre gestão.
Assim, a ideia é que essa formação continue até mais ou menos setembro, quando vai começar a parte de protótipo do negócio e conexão com o mercado. Até lá, elas já terão o protótipo do produto, que será baseado na tecelagem tradicional, mas com um ar mais moderno a atual.
Desta forma, esperamos que a realidade pelo menos no tradicional distrito de Senhora do Carmo seja mais favorável às mulheres, com menos desigualdade de gêneros. O distrito, com fortes influências dos tropeiros e histórias de Carlos Drummond de Andrade (nascido em Itabira), tem um espaço cultural no qual elas já expõem os seus trabalhos. Mas elas podem ganhar ainda muitos mais espaços, no distrito, na cidade, no estado, no país, ou mesmo antes disso, em suas próprias casas… E que ganhem!