Para os comunicadores, um spin-off é um programa de rádio, televisão, vídeo game ou outro tipo de obra narrativa originada de outra pré-existente. Para o mundo empresarial, o termo em inglês é basicamente utilizado para descrever uma nova empresa que nasceu a partir de outra ou de um grupo de pesquisas – seja ela um negócio social ou não.
Nos dois casos, há uma relação, uma origem que se expande. Um braço de rio que percorre novos caminhos para tocar mais horizontes…
Muitas pessoas se incomodam com os neologismos. Eu gosto deles. Significam que estamos em fluxo e em expansão. Eles surgem para dar conta de novas realidades e arranjos que são criados e precisam ser comunicados.
O estrangeirismo é outra coisa que gera polêmicas. Vejo potencialmente como forma de incorporar traços de outras culturas, mas… na prática devo admitir com frustração que eles vêm sempre das mesmas línguas e culturas dominantes, sem essa real democratização de signos e significados.
É interessante como esses novos termos, ou “signos” – como os linguistas modernos chamam – precisam estar no nosso repertório (ou “biblioteca linguística individual”) para fazerem sentido. E como, mesmo falando idiomaticamente a mesma língua, nossos repertórios nos dividem em mundos diferentes. Um bom exemplo?
Quando definimos que as viagens de experiência se transformariam em um outro negócio à parte da Raízes e descobrimos que esse processo se chamava spin-off – sim! Até precisar dele nem sabíamos que ele tinha nome próprio. Antes do lançamento oficial do novo negócio social, que será em outubro (aguardem!), fomos ao Vale compartilhar com nossas queridas anfitriãs e artesãs as novidades e implicações da mesma:
(Essa sou eu, tentando ser didática):
– Vão ser agora duas empresas e uma sai da outra, como um filhote. Na administração, sendo negócio social ou não, eles chamam de spin off“.
Depois de algumas outras falas e diálogos, uma delas retoma:
– Tá, mas voltando ao “espinafre”, as duas empresas vão ter as mesmas pessoas?
Ai, como eu amo o Jequi!
O Dicionário do Dialeto Rural do Vale do Jequitinhonha, lançado pela editora UFMG e de autoria de Carolina Antunes, ilustra bem isso. “Divera, esses meninos só ficam brigando com os zanzoto”, “Vai banhar cedo porque essa noite vamos ter que ribuçar” e “Esses meninos vivem de cunlundrio na rodagem” são só alguns exemplos dos mais de mil verbetes – para que você tenha ideia da riqueza – reunidos no livro. O Word sequer os reconheceu enquanto eu escrevia esse artigo… Ainda temos muito o que aprender!
Carolina Antunes, vamos inserir o “espinafre” no dicionário do Vale do Jequitinhonha? Aliás, administradores e empresários, bóra traduzir o spin-off frio do business para o delicioso e nutritivo espinafre bem brasileiro?! 🙂
Por Mariana Madureira
Crédito da imagem: André Dib