No coração do baixo sul da Bahia, entre as cidades de Taperoá e Gandu, um projeto inovador de reflorestamento vem ganhando forma com o objetivo de transformar a paisagem e beneficiar tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais. Essa iniciativa, liderada pela re.green, marca a primeira etapa de um programa de crédito de carbono por meio do reflorestamento de mata nativa na antiga Fazenda Muanza, até então voltada à criação de gado. Esta iniciativa faz parte da ampliação da atuação da empresa no bioma Mata Atlântica.
Para que a certificação dos créditos de carbono seja alcançada, é fundamental seguir protocolos rigorosos e garantir que a escuta ativa das comunidades seja conduzida de forma eficiente e sensível. E é aí que a Raízes Desenvolvimento Sustentável entra na história…
re.green e a parceria pelo reflorestamento
A re.green é uma empresa dedicada à restauração de ecossistemas em larga escala, com foco na mitigação das mudanças climáticas e no desenvolvimento socioambiental. Seu trabalho combina ciência de ponta com práticas que promovem a regeneração de florestas nativas, contribuindo para a captura de carbono e a preservação da biodiversidade.
Para atingir os rigorosos padrões internacionais exigidos na certificação de créditos de carbono, a re.green desenvolve projetos que aliam tecnologia, conhecimento científico e metodologias participativas. É nesse contexto que a parceria com a Raízes Desenvolvimento Sustentável entra. A escuta ativa e a consulta às comunidades são etapas fundamentais para garantir que os projetos respeitem as dinâmicas locais e sejam verdadeiramente inclusivos.
“A gente observou o roteiro proposto, melhorou e aplicou com cuidado, respeitando as pessoas. A riqueza da nossa experiência em lidar com pessoas trouxe para a re.green os melhores resultados que eles precisavam alcançar”, disse Lucila Egydio, diretora de projetos aqui na Raízes.
Escuta, identificação, caracterização inicial e metodologia “bola de neve”
Antes de ir a campo, foi realizado um levantamento detalhado de dados secundários, que incluiu aspectos socioeconômicos, ocupação do solo, áreas de reserva e vias de acesso da região. Também foram investigadas informações sobre as comunidades próximas, incluindo quilombos e assentamentos, buscando entender a relação delas com a área do projeto.
Esse mapeamento inicial foi essencial para alinhar as ações aos protocolos exigidos para a certificação de créditos de carbono e para a integração das comunidades no processo. Com os dados iniciais em mãos, a etapa seguinte envolveu o trabalho de campo e a aplicação da metodologia “bola de neve”.
Essa metodologia consiste em identificar inicialmente um pequeno grupo de pessoas-chave ligadas ao tema ou à região e, a partir delas, obter novas indicações de contatos relevantes. Esse processo segue como uma “bola de neve” que cresce à medida que novas indicações são incorporadas, formando uma rede ampla e representativa de interlocutores.
Essa técnica nos permitiu estabelecer uma rede de contatos a partir de um ponto inicial: pessoas ligadas à agroecologia local. Desses primeiros contatos, expandimos para lideranças comunitárias e representantes do poder público. Para estruturar o processo de escuta, foi aperfeiçoado o roteiro de entrevistas que foi aplicado tanto individualmente quanto em grupos. Esse processo revelou as expectativas das comunidades, bem como seu conhecimento sobre o projeto, suas expectativas e os impactos que poderiam surgir.
Essas conversas resultaram em importantes ferramentas de planejamento, como documentos-padrão (One Pages) que resumem a perspectiva de cada grupo sobre o empreendimento, um mapa de relações e stakeholders, representando as conexões e influências entre os atores locais, e um esquema de potenciais conflitos e oportunidades de colaboração. Também foi elaborada uma Matriz de Riscos, com recomendações de ações para evitar que ocorram conflitos e ações de mitigação e de contingência.
Construindo caminhos sustentáveis
Com base nas informações coletadas ao longo do processo de escuta, foi desenvolvido um plano que integra o atendimento às necessidades das comunidades às exigências técnicas para a certificação do crédito de carbono. A padronização das atividades foi projetada para minimizar conflitos e criar um ambiente de cooperação, assegurando que o reflorestamento traga benefícios concretos tanto para a região quanto para o planeta.
O trabalho realizado na Fazenda Muanza exemplifica como a colaboração entre ciência, sustentabilidade e diálogo comunitário pode resultar em projetos sólidos e transformadores. Ao transformar pastagens em florestas, o projeto não apenas contribui para a captura de carbono, mas também promove relações mais justas e sustentáveis com as comunidades locais.
A Raízes colocou sua expertise em prática, agregando consistência ao projeto e está muito feliz por contribuir com a re.green e esperamos ainda mais iniciativas em parceria!