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DMF doa coletores menstruais no Amazonas e chega a quase 1 mil beneficiadas em 2022

Voltamos com o coração cheio de alegria e a sensação de missão cumprida de mais uma grande expedição do Dona do Meu Fluxo. Neste ano, o escolhido foi o estado do Amazonas, dos dias 19 a 27 de novembro. Mais uma edição em que o DMF doa coletores menstruais e que equilibramos o trabalho de montagem e condução dos workshops com momentos de descontração nesse lindo território!

Essa é a segunda vez que realizamos uma edição ligada ao volunturismo, modalidade que une viagem a trabalho voluntário com ações feitas de acordo com o objetivo do projeto. E quem nos acompanhou foram a empreendedora Laise Brasil e a jornalista Daniela Graziani, selecionadas por meio de um edital que divulgamos meses antes. Ao lado da gestora do projeto pela Raízes, Tauana Costa, elas realizaram 10 oficinas para mulheres de comunidades indígenas e ribeirinhas.

“Foram 345 coletores doados em uma experiência mais intensa que outras vezes que estive na Amazônia. Fizemos 10 oficinas em seis dias, quase duas por dia. Também fizemos algumas ações em escolas com foco em mães e filhas. O primeiro trecho foi urbano, em Manaus junto à mulheres indígenas de diversas etnias, depois seguimos um trecho fluvial, em comunidades ribeirinhas, subindo o Rio Negro, e finalizamos no município de Careiro. A presença e o apoio das nossas volunturistas foi fundamental para que essa experiência acontecesse de forma tão bonita. Bem como toda a atenção e carinho dos parceiros em nos ajudar a construir as pontes para que chegássemos nestas mulheres”, explica Tau.

 

Conexões e mobilização

Para chegar até as mulheres, fazer com que o DMF doa coletores menstruais e ter essa abertura com a comunidade local, precisamos de mobilização. E isso só é possível graças às parcerias, que apoiam as ações do Dona do Meu Fluxo e acreditam na causa compartilhada pela Raízes e pela Korui, idealizadoras dessa ação de combate à pobreza menstrual.

Neste território, quem nos apoiou foram:

Casa do Rio, instituição sem fins lucrativos que busca a autonomia alimentar, além da valorização dos produtos da Amazônia e a diversificação dos canteiros agroecológicos das comunidades no Amazonas. Aproveite e ouça a entrevista que demos para o programa Cunhatãs da Amazônia, feito pela ONG e que vai ao ar na Rádio Floresta, sobre o tema;

Poranduba, agente de turismo comunitário na Amazônia que acredita que o turismo pode ser um vetor do desenvolvimento sustentável, aliado da conservação ambiental e capaz de fortalecer a cultura local.

Anavilhas Jungle Lodge, um pequeno e exclusivo Hotel de Selva, localizado em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas, às margens do Rio Negro, a 180Km de Manaus, no coração da Floresta Amazônica Brasileira.

Percepção das mulheres envolvidas

De um lado, as beneficiadas pelo “copinho”…

“A curiosidade que eu tinha de usar, de saber como usar, como é que eu vou introduzir, como é que eu vou tirar, será que vai se perder lá dentro, como é que vai ser o processo… Eu tinha curiosidade de usar, de comprar, mas não sabia como. Mas vocês vieram e tiraram as dúvidas que eu tinha, tiraram real minhas dúvidas, e eu vou testar”, conta Geovana.

Do outro, beneficiadas também: mas pela transformação dessa experiência:

“Eu sempre soube que era do mar, mas a energia do Rio Negro bate diferente. Depois do banzeiro, é um espelho de imensidão, a luz reflete na água e inunda a alma; deve ser por isso que transborda tanto acolhimento do coração das mulheres nas comunidades ribeirinhas. Essas anfitriãs me fizeram comer peixe com gosto, temperos que abraçam, tão afetivo-inesquecível quanto a comida de avó. Que falta tem feito! O tempo da refeição é diferente, demora tanto quanto a farinha uarani para dissolver, resgatando a paciência semelhante ao seu tempo de produção.

Se falamos em tempo, é preciso dizer que o tempo lá passa diferente, e não estou falando de fuso. Em Manaus, tudo está a 30 minutos de você, e tome tempo gasto em trânsito caótico, mas não é perda; é hora de contemplar as dinâmicas da cidade e digerir as vivências recentes. Lá, nada tem pressa, tudo espera. Tem tempo para mais um banho de rio, jantar antes da oficina, sorvete na orla, esperar desocupar mesa no restaurante – não importa o calor se tem cerveja gelada. E a gente volta para casa com a chance de rever o tempo, reapropriar-se dele. Isso fala de respeito com o outro, e muito consigo; remete ao tempo da natureza, do que está além de nós.

Foi nesse respeito e leveza que a gente conduziu a expedição, no nosso time de trabalho e na escuta e fala com as mulheres participantes. Eu sabia que tinha conhecimentos e autodescobertas para levar e trocar, sobre corpo, fluxo, feminino, mas eu não podia imaginar que voltaria com tanto! A bagagem extra que tive de trazer foi só o simbólico, porque o que voltou dentro excede.

Depois de tantos dias falando de menstruação, era óbvio que eu estaria afetada tal qual meu corpo quis mostrar. Mexeu com meu ciclo. Voltei a viver em harmonia com meu coletor – que vinha insistindo em não fazer vácuo. Me sinto mais potente para a vida desde então.

Me abri pra ensinar e aprendi. Fui conhecer mais do mundo e me encontrei. Me permiti voar e naveguei”, conta Laise.

“Participar da expedição amazônica, para mim, foi um grande encontro. Eu acho que essa é a melhor palavra que eu posso usar para definir. Porque foi um encontro com culturas que eu nunca tinha tido contato antes, com mulheres, com outras vivências, com as meninas do projeto – que estão fazendo muita coisa em prol de uma causa com impacto social gigante – e um encontro meu também. Meu, particular, porque eu, como jornalista e estudante de psicologia, vivo navegando por várias áreas, e quando eu vi a expedição, esse projeto, eu falei assim: nossa, acho que isso seria a minha cara! 

Trabalho com mulheres e, quando eu me formar, quero atender mulheres. A expedição para mim foi uma grande oportunidade de encontro com os meus caminhos, no sentido de entender o que eu quero para a minha vida, sabe? Foi muito mais do que só uma viagem ou só um projeto. Eu arrisco dizer que foi a melhor viagem da minha vida, de verdade, porque ela mexeu comigo de forma que estou digerindo até hoje.

Eu trouxe muitos materiais artesanais, que contam as histórias de lá, das vivências que  a gente teve, com cada mulher que a gente encontrou, com vivências muito ricas e lindas. Só de olhar para o próprio produto artesanal que eu trouxe delas, eu consigo lembrar de tudo e me reconectar. Foi uma forma de eu entender muito tudo o que eu quero fazer para a minha vida também, que é possibilitar encontros, me conectando com mulheres e fazendo algo em prol delas, de mim e de todas nós.

Foi maravilhoso. Foi um encontro de muita sinceridade, comigo, com quem eu sou e com essas mulheres.(…) O coletor foi essa ponte pra gente poder entrar em contato com esses assuntos tão importantes e tão empoderadores para as mulheres e que transforma vidas”, compartilha Dany.

 

O DMF doa coletores menstruais por meio de oficinas que falam sobre pautas ligadas ao universo feminino e explicam o uso correto do “copinho”. Desta vez, eles foram realizados em centros comunitários, escolas e outros tipos de associações e espaços cedidos. Em meio a tudo isso: banho de rio, comida típica, conversas informais com beneficiárias e parceiros, muita interação e troca entre a equipe! Tivemos noites em hotéis e também hospedagem em comunidades, deixando a vivência ainda mais especial.

Ao todo, em 2022, foram 964 coletores doados em 28 ações do Dona do Meu Fluxo em seis estados brasileiros e no Distrito Federal. Siga acompanhando as ações pelo Instagram do projeto.