Diferente, variado, variedade, multiplicidade. Por definição é isso que significa diversidade. É a qualidade daquilo que é diverso. Esse também poderia ser sinônimo de “Brasil” já que o país é conhecido por todo o mundo como um dos mais diversos não só pela mescla das raízes indígenas, negras e lusitanas como também pela contribuição dos imigrantes italianos, franceses, alemães, espanhóis e árabes, entre outros povos.
Mas esses aspectos múltiplos se espalham também pelo território – o quinto maior do mundo e o maior da América Latina. De acordo com a ONU, o Brasil é o país mais rico em biodiversidade do planeta. Isso poderia fazer de nós uma grande potência, especialmente com ações que atuem desenvolvendo de maneira sustentável essas características.
E por que é importante conviver com a diversidade?
Ela nos ensina todos os dias
O diferente, seja no pensar, no agir ou culturalmente, nos ensina novos valores e maneiras de enxergar o mundo. Conhecimento nunca é demais, como diz o dito popular. E definitivamente a diversidade não combina com a polarização, que é a concentração de extremos opostos. Se somos muitos e plurais, como agirmos diante de dois únicos interesses? A polaridade parte da lógica um OU outro. A diversidade tem a lógica da abundância: é um E outro. Há lugar para todos.
Movimenta o turismo e a economia
O Brasil está entre os destinos mais procurados do mundo de acordo com o Barômetro do Turismo, da Organização Mundial do Turismo (OMT). Mais de 6,5 milhões de turistas estrangeiros estiveram no Brasil em 2017, especialmente os vizinhos latino-americanos, segundo um levantamento do Ministério do Turismo.
O estudo mostra que 60% deles vieram em busca de lazer. E o que atrai esses viajantes? A diversidade não só das paisagens e biomas, mas também de culturas e costumes. A Parada LGBT de São Paulo, por exemplo, é o maior evento do segmento no mundo. No último ano, arrecadou R$2,4 milhões para o setor hoteleiro, que chegou a uma taxa de ocupação de 90%.
Potencializa as diferentes vozes
Mulheres são ótimas profissionais, líderes e trazem, inclusive, mais lucro às empresas de acordo com uma pesquisa – realizada pelo Hay Group, divisão da consultoria Korn Ferry. Sendo assim, por que não dialogar e dar voz a elas diariamente? Temos a certeza, em números e projetos, de elas fazem a diferença no país por onde passam, pisam, atuam.
E não são só as mulheres. Outros grupos, que muitas vezes são maioria numericamente no país, como os negros, são chamados de minorias porque tem pouca voz nos espaços de poder. Mas tem tanta sabedoria! Assim como os indígenas, sertanejos, caiçaras, ribeirinhos e tantos povos tradicionais que temos o privilégio de ter em nossas terras e sobre os quais sabemos pouco. Ouvimos pouco.
A diversidade favorece os diálogos
E estamos em uma época que, mais do nunca, precisamos dialogar. Em tempos de polarização, para abrir ou lidar com diálogos, vale o resgate da Comunicação Não-Violenta (CNV), que sempre falamos e praticamos por aqui. Comunicar não é só falar. Passa por uma decisão a respeito do conteúdo (baseado mais em autoconhecimento do que em estratégia), da forma, do momento, do local da comunicação e, sobretudo, da escuta. Trata-se de expressar-se honestamente e receber com empatia. Saiba como usar em suas relações.
Mas tudo isso só faz sentido se há amor e respeito envolvidos. Se há tolerância para lidar com o outro. Se há empatia para compreender a sua história de vida, suas influências e suas motivações, ainda que você tenha que lidar com o seu oposto, com o extremo, com o pólo que está logo ali, mais perto do que imaginava, mas ainda não sabia.
Para finalizar, um cordel do poeta cearense Bráulio Bessa chamado Diversidade, que muito diz:
Seja menos preconceito, seja mais amor no peito
Seja Amor, seja muito mais amor.
E se mesmo assim for difícil ser
Não precisa ser perfeito
Se não der pra ser amor que seja pelo menos respeito.
Há quem nasceu pra julgar
É há quem nasceu pra amar
E é tão difícil entender em qual lado a gente está
Que o lado certo é amar!
Amar pra respeitar
Amar para tolerar
Amar para compreender,
Que ninguém tem o dever de ser igual a você!
O amor meu povo,
O amor é a própria cura, remédio pra qualquer mal.
Cura o amado e quem ama
O diferente e o igual
Talvez seja essa a verdade
Que é pela a anormalidade que todo amor é normal.
Não é estranho ser negro, o estranho é ser racista.
Não é estranho ser pobre, o estranho é ser elitista.
O índio não é estranho, estranho é o desmatamento.
Estranho é ser rico em grana, e pobre em sentimento.
Não é estranho ser gay, estranho é ser homofóbico.
Nem meu sotaque é estranho, estranho é ser xenofóbico.
Meu corpo não é estranho, estranho é a escravidão que aprisiona seus olhos na grade de um padrão.
Minha fé não é estranha, estranho é a acusação, que acusa inclusive quem não tem religião.
O mundo sim é estranho, com tanta diversidade
Ainda não aprendeu a viver em igualdade.
Entender que nós estamos
Percorrendo a mesma estrada.
Pretos, brancos, coloridos
Em uma só caminhada
Não carece de divisão por raça, religião
Nem por sotaque
Oxente!
Sejam homem ou mulher
Você só é o que é
Por também ser diferente.
Por isso minha poesia, que sai aqui do meu peito
Diz aqui que a diferença nunca foi nenhum defeito.
Eu reforço esse clamor:
Se não der pra ser amor, que seja ao menos respeito!