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Chuvas na Bahia: a crise ambiental de antes, a crise social do depois

Quase 900 mil pessoas foram atingidas pela chuva em todo o estado baiano. Muitas delas ficaram desalojadas e perderam tudo o que tinham por conta dessa crise ambiental. No Extremo Sul da Bahia (que foi muito atingido pelas fortes chuvas nas últimas semanas), oito municípios estão participando do Projeto de Mentoria do Programa Turismo Mais Sustentável, uma iniciativa da CI-Brasil, com o apoio do WWF-Brasil, e execução da Raízes. O objetivo é fomentar ações e práticas que contribuam para a conservação da natureza, da economia e da sociedade.

 

Cenário devastador

“Está muito difícil a luta aqui, mas a gente não vai desistir, não. (…) Muita gente desabrigada, muita gente precisando de comida mesmo. Você que está aí do outro lado e ouvindo (lendo) essa mensagem, a situação de Canavieiras é uma situação de risco alimentar muito séria. São muitas famílias, são muitas crianças, que estão desalojadas. Elas estão fora de suas casas, que foram destruídas. A água subiu e a gente precisa de água, a gente precisa de repelente, precisa de mosquiteiro, de colchonete, precisa de comida, de comida e de comida, tá? Isso é um S.O.S., por favor”, disse André Dias, da Pousada Chez Amado, em uma mensagem que recebemos por WhatsApp.

Silva Pinto, da Operadora de Turismo de Base Comunitária da Rede de Mulheres Extrativistas (AMEX), disse por sua vez que “a princípio a nossa prioridade é angariar recursos para comprar mantimentos. Além dos mantimentos, água potável (mineral), repelente, mosquiteiro, colchões, forros de cama e toalha de banho, porque ainda temos algumas famílias, cerca de 15, que perderam tudo. As casas estão assim, um metro, mais ou menos, do teto. Eles perderam tudo, desde guarda-roupa até fogão. Então, a gente quer pelo menos aliviar esse sofrimento dando um colchão, uma cama digna para a pessoa descansar, repousar um pouco”.

 

Onde entra a sustentabilidade e o que será do amanhã?

“Neste Território existe um conjunto de áreas protegidas que integram um Mosaico de Unidades de Conservação que sustenta a vida nesta região. Lá, as populações tradicionais de indígenas, pescadores e de famílias agricultoras, entre outros povos da floresta, são os guardiões desta sociobiodiversidade que além de manter a vida, sustentam a economia do local com atividades de turismo sustentável”, conta Werter Morais, mentor de turismo no Projeto.

Ele explica ainda que: “Trabalhar a sustentabilidade é fundamental para nossa qualidade de vida. Respeitar o solo que acolhe a semente. Respeitar a planta sem agrotóxico. Respeitar épocas de defeso na pesca. Respeitar o tamanho mínimo do pescado. Respeitar o ser humano que age conforme sua ancestralidade é fundamental para o nosso futuro em comum”.

 

Pensar na sustentabilidade, garantindo recursos para as próximas gerações, e agir com base em uma mudança de atitude é o que pode reverter essa situação.

O Projeto de Mentorias tem como objetivo trazer melhores práticas para dez pequenos empreendedores do turismo, entendendo que esses negócios podem auxiliar na conservação da natureza e ser uma inspiração para outros negócios e para os visitantes. Para além dele, a Rede de Turismo que está sendo articulada em um âmbito mais amplo do Programa, tem o intuito de acionar a inteligência coletiva e a colaboração para ganhar capilaridade em ações pró-sustentabilidade no território.

Como vocês já sabem, uma das nossas premissas é que as soluções coletivas são mais resilientes e sustentáveis que as individuais. Por isso é importante fazer parte, nos unir!

 

Como ajudar agora

Você pode doar mantimentos, produtos ou valores em dinheiro. Lembrando que as chuvas passaram, mas a reconstrução está só começando. Vamos juntes!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Reprodução/Resex Canavieiras