Skip to main content

Como fica o protagonismo das comunidades tradicionais na COP30?

comunidades tradicionais

Muito se escuta sobre problemas de logística e questões estruturais da cidade de Belém para realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) no próximo ano, e não é mentira. Há contudo uma parte do problema — mas também da solução — pouco abordada: a participação das comunidades tradicionais e dos moradores da cidade.

Na escuta realizada no dia 04 de março pela Raízes Desenvolvimento Sustentável juntamente com a Diaspora.Black e a Estação Gabiraba, identificamos que a falta de informação sobre o evento é uma das maiores dores relatadas pela comunidade. Das pessoas ouvidas, 63% dizem estar parcialmente informadas sobre a COP30, enquanto 21% não se sentem informadas. 

Através desse encontro, conseguimos identificar também que a inclusão e o protagonismo das comunidades tradicionais é uma necessidade prioritária para o momento, assim como a urgência da capacitação do idioma de atendimento, pois a comunicação é uma parte de extrema importância para atrair o turismo internacional. Além disso, segundo relatos das pessoas que participaram do nosso encontro, as hospedagens não estão preparadas para receber um quantitativo grande de fluxo que o evento trará e nem as agências de receptivos locais estão conectadas com esses futuros turistas.

Expectativas para a COP30 em Belém 

Durante a nossa reunião, a população relatou que uma das maiores expectativas para o evento é justamente o protagonismo das comunidades tradicionais. Esse protagonismo, principalmente na área do turismo, não apenas beneficia economicamente essas comunidades, mas também contribui para a preservação da cultura, o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental. Além disso, permite um intercâmbio cultural entre visitantes e membros das comunidades locais, promovendo a compreensão mútua e o respeito pela diversidade cultural. 

A COP30 pode colocar de vez Belém como um dos destinos referência brasileiros, trazendo um pouco dos olhares para o Norte do Brasil e suas encantadoras riquezas. Segundo o IBGE, atualmente Belém abriga uma população com mais de 1,3 milhão de pessoas. A cidade se destaca pela riqueza cultural e pela variedade de atrações turísticas que desempenham um papel significativo na economia local.

Belém também é uma das entradas para a maior floresta tropical do mundo, a amazônica, sendo assim não há lugar melhor para falar sobre mudanças climáticas e preservação do meio ambiente do que a cidade. 

Segundo uma declaração do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, durante uma visita a Belém para anunciar a realização da conferência na capital paraense, “uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígenas, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”.

Projeto de fortalecimento

A roda de conversa online que promovemos faz parte do Projeto de Fortalecimento do Turismo de Base Comunitária em Belém, ilhas e entorno, organizado por nós e pela  Diaspora.Black.

O intuito deste projeto é garantir que os pequenos empreendedores já instalados nas capitais sejam apoiados e se tornem competitivos para assumir a oferta turística gerada pelo evento. Além disso, que a visitação em comunidades tradicionais seja aprimorada e ampliada, sempre nos preceitos e com os cuidados do Turismo de Base Comunitária.

Nesse momento é imprescindível parceiros que desenvolvam soluções turísticas que incluam as comunidades locais de forma respeitosa e sustentável – e são eles que estamos buscando. Se você ou sua empresa pode ser um deles, por favor, entre em contato. Belém tem um potencial enorme para ser uma capital biooeconômica, só precisamos de apoio para essa transformação. 

Próximos passos

A falta de leitos deve ser parcialmente resolvida com novos hotéis ou reforma de existentes, além de soluções como embarcações. Mas o uso das casas dos moradores, para além da solução Airbnb, pode ter um desenho mais inclusivo. 

Com capacitação e comunicação, muitas pessoas antes “excluídas” da possibilidade de gerar renda prestando serviços para o evento poderão fazer parte da solução. São pessoas do transporte, da hospedagem domiciliar, da alimentação — que pode ser feita com qualidade de padrão internacional e o sabor único e incomparável dos ingredientes e temperos paraenses.  

Raízes, Diáspora e Estação Gabiraba seguem na busca por parceiros para implementação de soluções nesse caminho. 

Vem com a gente?

 

Foto: Duda Said