Bancos são instituições que armazenam, mas que também geram mais dinheiro no mundo. Acontece que esse superávit trabalha na maior parte das vezes alimentando a desigualdade social, infelizmente. E é por isso que cada dia mais precisamos pensar a contribuição dos bancos para uma sociedade mais equilibrada e saudável.Neste caso, o investimento social ou socioambiental dessas grandes instituições poderia ser uma parte, um primeiro passo para esse caminho. E como?
A seguir, vamos falar um pouco sobre as práticas das principais instituições do país.
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BNDES – está mais ligado ao financiamento de obras e projetos de Fundações ou grandes empresas. Exige investimentos sociais compulsórios como contrapartida para alguns empréstimos empresariais, isto é, o investimento de um percentual do valor emprestado em projetos sociais no território.
Para ilustrar, entre 2013 e 2014, aqui na Raízes participamos de ação de compensação social do Grupo Galvão Queiroz. Ele foi responsável pela construção do Parque Eólico São Bento Energia, em São Bento do Norte-RN. Nosso papel foi capacitar toda a gestão de um centro comunitário multicultural construído na cidade. Apoiamos esse grupo na construção participativa de um Plano de Uso como ele precisava ser: objetivo, assertivo e colaborativo.
A iniciativa do banco é positiva, mas é preciso que cada vez mais as empresas se conscientizem a não ´fazer o mínimo´ ou ´cumprir a regra com o menor esforço´, como já vimos acontecer. Aproveitar essa oportunidade (ainda que compulsória) para deixar um legado no local em que estão pode fazer a real diferença.
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Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – são bancos públicos que lançam editais de apoio a projetos socioambientais. Podem se inscrever ONGs de todo o Brasil.
Um dos nossos parceiros, o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento) já se beneficiou dessa modalidade. Ele vem desenvolvendo um processo de educação transformadora na vida de crianças e jovens de inúmeras comunidades brasileiras (e de outros países). A história dele é fruto da inquietação e do inconformismo produtivo – e criativo – que reage e propõe um novo olhar sobre a maneira de aprender e ensinar, inclusive já colaboramos para um de seus projetos.
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Bancos Itaú, Santander, Bradesco e outros – costumam ter formas de apoio ou por meio de suas Fundações e para setores específicos. Além disso, instituições privadas vêm investindo cada vez mais em responsabilidade social como forma de gerar valor para suas marcas.
Um exemplo é a Fundação Bradesco que promove a inclusão e o desenvolvimento social por meio da educação. De acordo com o site oficial deles, só nos últimos anos foram aplicados em educação recursos equivalentes a R$ 5,85 bilhões, tendo beneficiado 108.533 alunos somente em 2016. Imagine o poder que essas instituições têm, não é mesmo?
A maioria das empresas ainda opta por realizar investimentos sociais dentro da zona de conforto, construindo centros culturais e creches, por exemplo. É claro que esses espaços são importantes sim, mas muitas vezes as empresas esquecem de investir em fortalecimento do capital social, qualificação e gestão. Assim, acabam entregando obras e equipamentos que serão alvo de disputas no território, conflitos, abandono, furto ou má gestão.
Além disso, aqui na Raízes a gente defende que as empresas passem a ter um olhar mais amplo para o que significa desenvolver territórios. Tradicionalmente, essas empresas investem em educação tradicional ou esportes (o que é ótimo), mas não percebem áreas como o turismo como uma oportunidade.
Defendemos o turismo como uma ferramenta de fortalecimento das relações e do trabalho em interdependência, fomento a vocações naturais e culturais do território, empoderamento de mulheres e geração de renda.
Se você trabalha em uma dessas instituições, que tipo de banco você quer ser?
E você que consome esses serviços, em que banco prefere investir seu dinheiro?