O projeto Dona do meu fluxo vai percorrer o sertão mineiro levando informações, workshops e doando coletores menstruais a mulheres em situação de vulnerabilidade pelo sertão de Minas Gerais. O projeto foi desenhado por mulheres da Korui, que produz absorventes femininos, e pela Raízes Desenvolvimento Sustentável, que tem experiência de mais de 10 anos com comunidades.
Foi então que surgiu o convite da Korui para concretizar essa parceria. E então, ambas empresas lideradas por mulheres começaram a desenhar esse programa. Pensaram então: “apenas distribuir o coletor seria muito simples. Ele é complexo inclusive na maneira de usar. Além disso, pode até ter uma taxa de rejeição se a mulher não entender como funciona e principalmente as vantagens e usá-lo. Por que, então, não explicar tudo isso?”.
A solução que encontraram foi aplicar workshops que:
- Expliquem o uso prático do coletor menstrual;
- Quebrem o tabu a respeito do ciclo menstrual;
- Diminuam a distância dessas mulheres com o próprio corpo (algumas não frequentaram a escola e nunca tiverem aulas de anatomia);
- Mostrem as vantagens do uso do coletor a longo prazo – para o corpo, para o bolso e para o meio ambiente.
Tudo isso, de maneira bem prática, sendo falado abertamente, também por meio de imagens, relatos, dados, etc.
“Uma das grandes vantagens é que um coletor dura 10 anos. E nessas comunidades muitas vezes o preço do absorvente é significativo. Então, se você puder ficar 10 anos sem comprar absorventes, olha só que maravilha! Além disso é mais higiênico, é um contato diferente que a mulher tem com o próprio corpo, e é mais sustentável também. Você não vai gerar aquele tanto de lixo”, explica uma das idealizadoras do projeto e sócia-diretora da Raízes, Mariana Madureira.
Mulheres beneficiadas
A iniciativa saiu do papel só agora, mas seu primeiro esboço é de muito antes. Há um ano, quando a Korui surgiu, lançou uma campanha que, a cada 10 coletores vendidos, ela doaria um coletor para uma mulher em situação de vulnerabilidade social. E agora chegou a hora de fazer essa entrega e colocar em prática!
A seleção das mulheres foi com o auxílio da Raízes, de origem mineira, que já atua e conhece bem as necessidades sociais do sertão mineiro. O primeiro workshop já está confirmado. Ele vai acontecer no Festival dos Povos, na Chapada Gaúcha, que fica no norte de Minas tendo como parceiro local de mobilização o Instituto Rosa e Sertão. A partir daí, passa por várias comunidades. Por exemplo, Uruana, Sagarana, Campo Buriti, Coqueiro Campo e muitas outras.
Serão levados contos que mostram os arquétipos da mulher na sociedade hoje para estimulá-las a se observarem, a olharem para o próprio corpo e para as necessidades delas. “Estamos construindo um material bem bacana, bem sensível nesse sentido”, completa.
