Já parou para pensar que, quando realizamos alguma ação social, quanto mais a gente se propõe a dar, mais recebemos? E quanto mais queremos ensinar, aprendemos ainda mais. É exatamente assim que nossa equipe se sentiu depois de concluir a ação social Dona do Meu Fluxo, que percorreu quase 3mil km em 11 dias pelo sertão mineiro e distribuiu centenas de coletores menstruais para as mulheres dessas comunidades mineiras mais vulneráveis.
A ideia do projeto de empoderamento, criado pelas mulheres da Korui e pela Raízes Desenvolvimento Sustentável foi realizar workshops levando informações e doando coletores menstruais a mulheres em situação de vulnerabilidade do sertão de Minas Gerais. Mas o projeto não parava por aí, como você pode ver aqui. A ideia era mais profunda e impactante.
A bem da verdade é que o coletor menstrual serviu como uma “desculpa” para discutirmos alguns tabus e temas que devem ser debatidos. Ainda mais em regiões em que as comunidades são carentes de informação.
Auto consciência, o se tocar e se conhecer, a aceitação do próprio corpo sem se importar com padrões pré-estabelecidos, principalmente pela mídia, o machismo e a sororidade. Estes foram os principais, mas não os únicos tópicos desses encontros que tivemos para falar sobre o que é ser mulher. Encontros esses que aquecem a alma e fazem os olhos brilharem. Tanto de um lado quanto para o outro.
Para a Andréa Alves, da Cresertão, que participou dos encontros, foi gratificante: “Fiquei muito contente com o convite para mobilizar as mulheres para esse workshop. Já conhecia o coletor e sei como ele é libertador. Fiquei surpresa com o entusiasmo das mulheres para testar e aderir. Criaram até um grupo para compartilharem entre elas a experiência, as possíveis dificuldades e dúvidas das primeiras vezes usando o copinho”.
Sobre a ideia do projeto e a ação realizada, a Yasmin Caramori Alves, gerente de operações da Korui, falou o seguinte: “Acreditamos que o coletor pode mudar vidas. E isso foi notório em cada workshop que foi dado. A experiência não poderia ser melhor, pois possibilitou pensarmos junto com as mulheres a importância da relação com nosso corpo e como isso reflete no nosso cotidiano.
O que me chamou a atenção foi como elas participavam, seja tirando dúvidas, ou contando suas histórias de vida! O projeto foi um sucesso, a parceria incrível, e o que ficou? A alegria, o carinho e o sorriso de cada mulher que participou desse momento.”
A experiência da nossa ação social como um todo foi ótima, muito rica, pessoalmente e profissionalmente, e divertida para todas. Trouxemos diversas histórias e relatos para contar, sem falar da sintonia entre Raízes e Korui, que foi a melhor possível.
Foi muito interessante notar como o público mudava a cada workshop. Um grupo de mulheres quilombolas, por exemplo, fez alguns relatos lindos sobre a relação da mulher com a lua no campo. Outros grupos da periferias relataram a dor do preconceito contra a mulher dos seus bairros na cidade, um estigma que, ainda e infelizmente, limita a atuação delas, quando não impossibilita uma entrada no mercado.
Ao mesmo tempo foi muito gratificante perceber que, apesar da tensão inicial que a maioria das mulheres demostravam quando a equipe começava a falar sobre menstruação e o coletor, víamos mulheres empolgadas e até ansiosas para menstruar e experimentar o coletor ao final do encontro.
O que fica desta ação é a experiência vivida e a prosa trocada com as mulheres que participaram do projeto e tiveram a sua vida impactada positivamente. Fica, ainda, um gostinho de quero mais. Foi tão gratificante e relevante, recebemos tantos abraços e feedbacks positivos que, durante nossa volta, na estrada as ideias foram se efervescendo para pensar na próxima edição do Dona do Meu Fluxo, para o ano de 2018. Enquanto isso, um até logo e obrigad@, mulherada!