O potencial econômico do turismo é indiscutível. Em tempos de Carnaval, então, nem se fala. Segundo o Ministério do Turismo, estima-se que a comemoração deva injetar R$ 11 bilhões na economia do Brasil, 10,6 milhões de brasileiros viajem e 400 mil estrangeiros venham ao país curtir a folia. Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Olinda são as cidades com maior movimentação financeira.
Mas nem só de dinheiro vive o homem. E, infelizmente nem toda a população brasileira se encaixa nesse sistema e faz parte da estimativa citada pelo Governo. Disso, são poucos os que falam. Por isso mesmo é que dias depois da folia uma das cidades mais tradicionalmente carnavalescas, que é Salvador, receberá o Fórum Social Mundial (FSM), entre os dias 13 e 17 de março.
Afinal, economia é importante, mas e as pessoas?
O FSM vem para se opor ao Fórum Econômico Mundial. Ele surgiu em 2001, por organizações e movimentos sociais que se mobilizaram para um grande encontro em Porto Alegre, em contraposição ao neoliberalismo. As primeiras edições (2001, 2002, 2003 e 2005) foram em Porto Alegre. Depois, ganharam o mundo: Mumbai, Caracas, Karashi, Bamako, Nairobi, Belém, Dacar, Tunis e Montreal.
Esse ano o Fórum volta ao Brasil após uma fase de intensos debates sobre o futuro das lutas sociais e do próprio processo FSM. O tema é “Resistir é criar, resistir é transformar”, e o turismo se inclui nessas discussões.
Turismo como ferramenta de inclusão social
Na edição do FSM de 2009 em Belém houve uma mobilização de entidades do terceiro setor para realização de debates de turismo. O encontro foi denominado de Fórum Global sobre Turismo Sustentável e seus resultados podem ser consultados na Declaração de Belém. Esse movimento inspirou uma comissão local de Salvador a buscar apoio na Rede Turisol e organizações da sociedade civil para repetir essa dose nove anos depois.
O Projeto bagagem é uma das ONGs que lidera a organização do II Fórum Global sobre Turismo Sustentável, um evento temático dentro do Fórum Social Mundial. A missão do Bagagem é fomentar o turismo de base comunitária como ferramenta para valorização e desenvolvimento sustentável do turismo no Brasil. Nasceu em 2002 do sonho de duas amigas em transformar o mundo através de viagens solidárias e envolveu centenas de pessoas ao longo de sua trajetória.
Hoje, a diretora da Raízes Mariana Madureira é diretora financeira do Bagagem. Sua sócia Jussara Rocha, presidente. Ambas são voluntárias. A diretoria e o conselho da ONG inclui membros de outros negócios sociais, empresas e especialidades. Todos em prol de humanizar o turismo, diminuir a desigualdade social no país e criar oportunidade para comunidades que estão fora do sistema de turismo tradicional.
As inscrições para o Fórum Social Mundial ainda estão abertas e é possível acompanhar as notícias e programação pelo site oficial. Sobre o evento de turismo, você acompanha aqui. Vai ter muita mobilização linda, a força da juventude e o resgate de raízes culturais. E nós estaremos lá!
Crédito da imagem: Reprodução/FSM
