“Se passaram alguns dias e eu entrei em contato com a minha amiga e perguntei: quais são as principais necessidades do continente Africano? Ela me respondeu: aqui existem várias necessidades, mas percebemos que as mulheres possuem uma dificuldade enorme durante seu ciclo menstrual para comprarem absorventes.
Comecei a pesquisar sobre o assunto e vi que essa situação é muito comum no Continente, as mulheres acabam utilizando métodos não seguros para conter a menstruação como: jornal, miolo de pão e areia e acabam abandonando muitas vezes a escola e o trabalho por conta da ausência neste período, debatendo sobre este assunto com uma amiga, ela comentou sobre um absorvente reutilizável, eu não conhecia mas logo fui atrás para entender como funcionava, encontrei o produto no Brasil e achei incrível e viável”.
Se você está lendo esse texto, talvez essa realidade relatada acima possa lhe parecer muito distante. Considerando o nosso público, provavelmente você é uma mulher estudada, ao menos concluiu o ensino básico e consegue ler. Talvez você seja um homem também, então neste caso a distância deste relato para a sua realidade seja ainda maior, especialmente porque você não vai entender as questões fisiológicas do corpo feminino – fora todas as outras advindas do patriarcado enraizado por gerações e gerações.
Mas não é preciso ir muito longe, até a África, para vivenciar uma realidade ao menos parecida. Nas comunidades ribeirinhas da Amazônia brasileira, por exemplo, muitas mulheres vivem em situação de vulnerabilidade.
Esse é um dos trechos das cartas que recebemos para o edital de volunturismo para a 3a edição do Dona do Meu Fluxo. Fomos surpreendidas, primeiro porque recebemos mais inscrições do que esperávamos, mas, principalmente, porque o resultado foi totalmente qualitativo. Mulheres diversas, de diferentes regiões do país, com idades e vivências também únicas. Em todas a predominante vontade de fazer o bem, especialmente à outras mulheres pela sororidade, pela empatia, por quase poder viver na própria pele o sentir de outro alguém.
Lemos as cartas uma a uma. E como não se emocionar com mulheres que querem “expor essas problemáticas que, por vezes, são ignoradas, objetivando encontrar e promover meios de mudanças”?
“Para mim, mulher, que quer ter a oportunidade de ajudar outras mulheres a terem o conhecimento sobre o seu corpo da forma como elas (e todas nós!) merecem; e para mim, ser humano, que deseja as mesmas oportunidades a todos – e vendo nesta, uma forma de dar a mão (e se elas quiserem, uns abraços) a essas mulheres”, continua.
Por isso estarão conosco nessa jornada Bianca Berganton,Dulcelina Said, Eliete dos Santos, Ilma da Silva, Joana Nunese Natasha Shprecher. Mais adiante vamos contar os detalhes do itinerário e abrimos um pouco mais sobre o perfil da equipe Raízes/Korui e voluntárias que pegarão essa estrada. E já podemos sentir daqui que vai ser um Dona do Meu Fluxo ainda mais potencializado pelo poder feminino. Razões para acreditar!