Se você nos acompanha a um tempo já deve ter nos visto falar sobre Investimento Social Privado (ISP). Por definição do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), “Investimento Social Privado são repasses financeiros voluntários e privados feitos por empresas, institutos, fundações e pessoas físicas de origem empresarial ou instituídos por famílias, comunidades ou indivíduos de forma sistemática, planejada e monitorada com o objetivo de apoiar projetos de interesse público que visem a mudança da sociedade em várias vertentes”.
O ISP tem uma importância fundamental para a viabilização de vários projetos que, sem ele, teriam dificuldade de se manterem firmes na sociedade. Segundo dados publicados no último estudo BISC, as empresas no Brasil investiram cerca de 0,8% do faturamento bruto no social em 2022, o que corresponde a mais de 4 bilhões de reais.
Um estudo realizado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) mostra que 84% dos brasileiros, com idade acima dos 18 anos, realizaram algum tipo de doação no ano de 2022. Esse número inclui doação de dinheiro, de bens, de tempo ou na forma de trabalho voluntário. O número de doadores institucionais equivale a 36% das pessoas entrevistadas.
Mas que tipo de Investimento Social Privado existe?
A maior parte do Investimento Social Privado está nas áreas de educação, cultura, saúde e esporte. Há também investimentos em meio ambiente, geração de renda, clima e água, entre outros. Mas a partir do momento em que as necessidades do mundo vão mudando, as prioridades também se alternam.
Um dos exemplos disso é o tema climático.
Há alguns anos o tema vem ganhando muita importância dentro do Investimento Social Privado devido a urgência climática que estamos vivendo. Existem várias possibilidades de atuação, podendo estar voltadas à redução nas emissões de gases de efeito estufa, ao desenvolvimento de baixo carbono, à restauração e conservação de florestas, dentre outros.
O GIFE lançou o Guia ISP por mudanças climáticas com objetivo de apoiar pessoas investidoras que tenham interesse em iniciar ou fortalecer sua atuação no tema trazendo conceitos e informações sobre panorama, tendências, desafios envolvidos e possibilidades de atuação nesse campo.
E qual a parcela de ISP no turismo?
Hoje em dia não existe uma área específica para o turismo quando falamos de Investimento Social Privado e, por conta disso, nós da Raízes Desenvolvimento Sustentável juntamente com a Turismo 360 Consultoria resolvemos investigar onde que o turismo, que é essa atividade tão abrangente e tão dinâmica do nosso país, está inserida no universo de investimentos.
Para o desenvolvimento metodológico foi convidada a Universidade de Brasília (UNB) que rapidamente aderiu ao propósito por meio do LETS – Laboratório de Estudos de Turismo e Sustentabilidade. Se uniram, também, o Turismo Spot (plataforma de difusão de pesquisas e artigos de turismo), a Fundação Grupo Boticário (atualmente uma das mais atuantes em ações envolvendo turismo) e a ponteAponte (empresa especializada no suporte ao ISP), com o apoio do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).
O estudo está em fase de entrevistas e a nossa hipótese é que há muito do turismo dentro de outras áreas como geração de renda, meio ambiente e cultura. Muitas vezes as próprias empresas, institutos e fundações sequer sabem que trabalham com turismo, já que essa atuação está inserida indiretamente ou entrando como estratégia de acesso ao mercado, mas não como estratégia direta de desenvolvimento.
Os resultados da pesquisa serão publicados no final de 2023 por meio de um e-book. O objetivo da iniciativa é gerar e compartilhar reflexões sobre como as empresas impactam positivamente (e podem impactar ainda mais) a sociedade com ações no setor de turismo e toda sua ampla cadeia.
Foto: Barbara Ataide