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Investimento social privado em tempo de crise?

Por 24 de junho de 2016julho 18th, 2016Artigos

Decidir investir em algo é sempre uma iniciativa bem pensada e justificada por parte das organizações, especialmente em momentos de crise. Mas e o investimento social privado por parte de empresas brasileiras ou com sede no Brasil? Vale ou não a pena neste período delicado do país? A resposta é sim. Vale.

Os olhos do mundo estão voltados para o social e ambiental de uma maneira muito mais crítica do que anos atrás, e dedicar verba a isso não é mais “luxo”, é necessidade. O próprio consumidor tornou-se mais exigente e preocupado nesse sentido. “Quais iniciativas essa marca tem em prol do meio ambiente? Ela se preocupa com as pessoas?”

O BNDES, por exemplo, exige contrapartidas socioambientais quando financia grandes obras – o que em princípio seria ótimo, já que ele obriga seu cliente a pensar em compensações socioambientais e exige ações que vão além do básico/da lei. Mas o que vemos são ações realizadas apenas para cumprir a regra e não em conexão com o propósito. O resultado é frustrante. Construções desnecessárias, capacitações desconexas, criação de associações sem suporte.

 

A tendência é se posicionar

Para que projetos socioambientais funcionem é preciso ter profissionais especialistas envolvidos, é preciso ter estratégia e um desenho de solução em consonância com o que as pessoas do lugar querem. Uma das grandes falácias é trabalhar consultas à comunidade superficiais e induzidas, entregando “elefantes brancos” – o que a empresa acha mais fácil e não o que a região precisa.

Assim, a tendência é se posicionar – seja investindo em área (educação, saúde, indústria etc.) ou território. De acordo com o Censo GIFE 2015, o volume total dedicado em social privado alcançou R$ 3 bilhões em 2014 – valor comparado ao do Ministério da Cultura, que é de R$3,27 bilhões. A média cresceu e muito. Em 2011 eram apenas R$ 4,8 milhões e, em 2014, R$ 6,1 milhões.

Com tanta demanda por desenvolvimento e cifras tão altas envolvidas, que tal usarmos de maneira proveitosa ao invés de desperdiçar recursos públicos e privados?

 

O que uma multinacional japonesa tem a ensinar

Toyota é um exemplo positivo de investimento social privado consistente. No Japão, a marca apoia alguns projetos de forma ininterrupta há mais de 50 anos. Já no Brasil, um dos principais cases é o Arara Azul, idealizado pela bióloga Neiva Guedes e patrocinado pela Fundação Toyota do Brasil desde 2009, embora já contasse com seu apoio desde 1999.

A iniciativa tem sede no Pantanal Sul Mato-Grossense e visa preservar as araras-azuis, nativas da região, ameaçadas de extinção. As principais atividades são monitoramento e recuperação das aves, atividades de educação ambiental e workshops sobre consciência ambiental, cidadania e geração de renda.

A Raízes colaborou com eles ao realizar em 2015 um planejamento estratégico para diversificação das fontes de renda e sustentabilidade financeira do Instituto Arara Azul, prevendo uma diminuição do patrocínio da Fundação Toyota em médio prazo. O que constata a preocupação do trabalho que vem sendo realizado pela multinacional. E que sirva como exemplo para mais e mais empresas!