Elas vivem de tecer e vender na beira da estrada tapetes artesanais de malha. Esse ciclo de produção e venda acabava levando essas mulheres a uma rotina exaustiva. A maioria trabalhava muito e nem sempre conseguia os recursos mínimos para uma vida digna… Mas agora essa realidade está prestes a mudar, pois uma vez identificado o grupo, passamos a atuar e chegamos agora à fase de inovação do produto.
Estamos falando das mulheres de Periquito, um município no interior de Minas Gerais entre Ipatinga e Governador Valadares, cuja tapeçaria é um forte potencial.
O objetivo do Programa Empreendedorismo Social Comunitário (PESC), idealizado pela Fundação Vale e com execução da Raízes, é ofertar qualificação empreendedora e em design, dar assessoria para criação de um negócio coletivo – ou micronegócios em rede, possibilitando o acesso a um mercado mais qualificado (mais detalhes das etapas anteriores aqui).
Em paralelo, trabalhamos com ações de empoderamento feminino, completando a receita para o desenvolvimento integral das participantes do projeto.
Hora de inovar
A palavra de ordem agora é inovação de produtos. E o recurso que tem sido empregado para isso é upcycling, uma maneira de reaproveitar tecidos e utilizá-los como matéria-prima. Neste caso, os empreendedores têm produzido bolsas de brim a partir de uniformes da Vale que não eram mais usados por funcionários da região, e que foram doados por uma campanha interna da empresa.
Segundo Bruna Guimarães, coordenadora do projeto pela Fundação Vale, a proposta central do projeto é possibilitar uma nova forma de produzir, gerir e comercializar o produto, além de valorizar a identidade local. “O que nós buscamos com o projeto é potencializar o que já existe na comunidade e inovar nas formas de comercializar, ampliando assim o campo de visão destes empreendedores”, ressalta.
“É um projeto onde a gente pretende implantar uma semente de inovação de produtos e também de abertura de novos mercados para que elas possam gerar uma renda melhor. São mulheres que enfrentam uma vida muito dura e que têm um histórico de vulnerabilidade emocional, econômica e social. Por isso temos o propósito de apoiá-las a enxergar um futuro diferente”, conta a coordenadora do projeto pela Raízes, Jussara Rocha.
A base de toda a ação é a sustentabilidade. A primeira coleção de protótipo desenvolveu ecobags a partir dos tecidos reutilizados com detalhes em frufru (técnica de tapeçaria que elas utilizam há mais de 20 anos), como uma opção de produto alternativa aos tapetes que elas já faziam.
Valor (in)tangível
“O projeto fez a gente dar valor ao nosso trabalho. Esse projeto está sendo uma benção em nossas vidas! Sem esse projeto estaríamos estacadas no mesmo lugar. Estou me sentindo uma pessoa muito especial, estou me sentindo uma estrela! Nesse projeto eu tenho paz, eu me encontro, joguei fora medos e temores. Além do meu trabalho ser reconhecido e eu espero que seja, contudo, eu não quero só passar pelo mundo, quero deixar uma marca registrada e mesmo quando minhas mãos não puderem mais trabalhar, o meu trabalho vai ficar marcado no coração de muitas pessoas”, conta emocionada a artesã Rogéria Borges, uma das beneficiadas.
E esse é só o começo de muita transformação que veremos por aí! O grupo é muito dedicado e interessado em aprender, o que determina ainda mais esse desenvolvimento. Acompanhe as novidades que traremos em breve.