Skip to main content

Em qual passo estamos pela eliminação da discriminação racial?

Sabia que existe o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial? Ele foi oficializado em 21 de março, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para lembrar a execução de 69 pessoas negras em uma manifestação pacífica contra o regime de segregação racial (Apartheid) na África do Sul. Isso aconteceu no início da década de 1960, mas até hoje vemos muitos tipos de violência causados pelo preconceito ao redor do mundo.

Um exemplo recente é que, de acordo com dados do Departamento de Polícia de Nova York, as agressões contra pessoas amarelas cresceram 1.900% na cidade depois do novo coronavírus. Segundo informações do jornal The New York Times, além das agressões físicas e verbais, as denúncias envolvem tossir, cuspir em asiáticos.

 

Realidade brasileira

O conceito de raça é altamente complexo e objeto de grandes estudos sociológicos. Mas hoje são definidos como sendo quatro: indígena (ou vermelha), branca, preta e amarela. Chegará o dia em que essa distinção não terá importância, mas hoje as diferenças de acesso ao mercado de trabalho, violência, encarceramento, entre outros, exigem a avaliação (sobretudo estatística) por raça.  Por isso, dizer “eu não enxergo cor” não ajuda a diminuir a discriminação em uma sociedade muito racista – precisamos enxergar a cor para ver e combater as desigualdades.

No Brasil, pessoas pretas e pardas são a maioria da população brasileira: 56%, segundo o IBGE. Ainda assim, os assassinatos de negros (denominação que soma pretos e pardos, segundo o IBGE) aumentaram 11,5% em dez anos no país. Os de não negros caíram 12,9% no mesmo período, segundo o Atlas da Violência de 2008 a 2018. Outro relatório – produzido pela Rede de Observatórios da Segurança – mostra que são negros 75% dos mortos pela polícia. Entre as vítimas de feminicídio, 61% são mulheres negras.

Ler todos os dados acima incomoda, machuca, é indigesto e parece um péssimo jeito de começar um texto. Por isso mesmo, algo precisa ser feito. E quando falamos “em qual passo estamos pela eliminação da discriminação racial” é também uma forma de compartilhar informações e trocar iniciativas e conhecimento para mudar essa realidade.

 

O que temos feito aqui na Raízes

Estamos concluindo o Treinamento Como Ser Antirracista promovido pelo Sistema B e pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil e comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial. E aprendemos muito, muito mesmo.

Descobrimos que os mecanismos do Google interpretam automaticamente que objetos nas mãos de negros são armas. Essas buscas e muitos discursos na mídia reforçam racismos. Constatamos que ainda há um remanescente das relações de trabalho da escravidão – que os negros “vão até onde o branco deixa”. Apenas 10% ocupam cargo de chefia; em contrapartida ocupam postos de trabalho mais precários e recebemos menos por suas funções do que a população branca.

Depois de assinar o Manifesto Seja Antirracista em 2020, nos comprometemos a desenvolver mais ações ligadas ao avanço da pauta no Brasil. Desde então, trouxemos o tema mais algumas vezes aqui para o site da Raízes e também para as mídias sociais – incluindo o movimento turismo antirracista, participamos de discussões virtuais e abrimos uma vaga de estágio para pessoa negra. Felizmente, Bianca Urbano faz parte de nossa equipe agora!

 

Temos alguns próximos passos pela eliminação da discriminação racial que iremos compartilhar em breve. O primeiro deles é repassar os principais pontos do Treinamento Como Ser Antirracista para toda a equipe integralmente e, juntos, desenhar novas metas.

O que você ou a sua organização tem feito?