Foi em 1999 que o destino Prainha do Canto Verde, em Beberibe, no Ceará foi contemplado com o TO DO!, uma premiação Internacional de Turismo Responsável. E sim! Ele nos mostra que o Brasil tem potencial para o Turismo Responsável, especialmente tomando como referência o modelo de um destino como esse.
“É um exemplo de turismo responsável, porque além da beleza exuberante do lugar, agrega muitos valores e princípios, que fortalecem a relação entre sociedade, cultura e natureza, com justiça ambiental. É uma comunidade que valoriza a cultura local, a defesa do território e a pesca artesanal, apesar de tantos desafios. Uma comunidade que discute e planeja o seu desenvolvimento, a gestão das atividades, as estruturas e serviços turísticos que são propostos”, explica Maria Aparecida de Alcântara, Secretária Executiva da Rede Tucum, coordenadora de projetos sociais e de turismo comunitário e sustentável, educadora popular e Integrante da Associação Caiçara de Promoção Humana.
A Prainha faz parte da Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) – uma articulação formada, desde 2008, por grupos de comunidades da zona costeira que realizam o turismo comunitário no Ceará. Tal união, em rede, tornou o destino um exemplo, pois:
– Tem culinária diversificada com sabores da terra e dos produtores locais,
– Prioriza o cuidado e a preservação do meio ambiente,
– Valoriza os pescadores e pescadoras artesanais,
– Incentiva a agricultura,
– Fortalece o empoderamento das mulheres, da juventude e a autonomia dos comunitários.
Para praticar ao redor do país
A Prainha tem uma história forte de resistência da comunidade tradicional pesqueira no território e da criação de uma Reserva Extrativista, em 2009. A área tem por objetivo proteger os meios de vida, a cultura e garantir a utilização e a conservação dos recursos naturais renováveis tradicionalmente utilizados pela população extrativista da comunidade da Prainha do Canto Verde, residente na área de abrangência da Reserva e demais populações habitantes de áreas contíguas.
René Schärer, ex-executivo na aviação civil da Suíça Swissair, mudou-se para o Brasil em 1992 para trabalhar como voluntário na comunidade da Prainha do Canto Verde para o desenvolvimento sustentável da pesca artesanal. Ele foi um dos co-fundadores da ONG Instituto Terramar e colaborou na criação da Rede Tucum.
Para ele, “quando a Prainha do Canto Verde foi premiada era uma das comunidades pioneiras de turismo no Brasil e o Studienkreis für Tourismus und Entwicklung, na Alemanha, achou interessante a nova experiência que poderia servir de exemplo para outras comunidades no litoral do Ceará, do país e do mundo”.
Quase 20 anos depois, os resultados ainda são colhidos, prósperos e cada vez mais desenvolvidos. O Prêmio TO DO! deu mais visibilidade à comunidade, colocando-a em destaque internacional como referência de Turismo Comunitário, dando ênfase ao Projeto e oportunizando roteiros estratégicos.
Neste ano, a Raízes está entre as finalistas dessa premiação internacional por nosso trabalho com comunidades tradicionais, de empoderamento e autonomia. Em especial, pelos projetos de turismo comunitário e geração de renda no Vale do Jequitinhonha, responsáveis por resultados muito fortes e transformadores na vida de grupos de mulheres em situação vulnerável na sua trajetória. Uma história também de eliminação de fronteiras e estigmas.
E você, em quais outros destinos enxerga tamanho potencial?