O Brasil, como bem sabemos, é um país de proporções continentais que possui a maior biodiversidade da Terra. São mais de 116 mil espécies animais e 46 mil espécies vegetais até então catalogadas e espalhadas pelos seis biomas terrestres e três grandes ecossistemas marinhos. Temos ainda a maior reserva de água doce do mundo, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Com uma diversidade tão rica, é importante para o crescimento do Brasil investir em uma economia que se baseia no uso sustentável de seus recursos naturais. E é aqui que a bioeconomia entra.
A bioeconomia é, por definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos que tem como objetivo oferecer soluções sustentáveis dos sistemas de produção a fim de substituir recursos fósseis e não renováveis, além de desacelerar assim os efeitos extremos das mudanças climáticas.
A bioeconomia é centrada na saúde humana, na água, na energia, na segurança alimentar, nos produtos químicos renováveis, no aumento da produtividade agrícola e energética, no desenvolvimento de processos industriais com menor impacto ambiental e nas empresas de base biotecnológica. É considerada como ciência do futuro no presente: por atender às necessidades econômicas dos sistemas de produção no presente, aumentando também a capacidade de todas as espécies no futuro.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia representa um mercado global de 2 trilhões de euros e sustenta aproximadamente 22 milhões de empregos. Pesquisas realizadas pela organização indicam que, até 2030, a bioeconomia deverá contribuir com 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países membros – uma proporção que pode ser ainda maior em nações como o Brasil, que possui uma vasta biodiversidade e políticas públicas voltadas para fortalecer as cadeias produtivas que utilizam os recursos naturais de maneira sustentável e consciente.
Para a The Nature Conservancy (TNC), a bioeconomia tem um papel importante no Brasil quando reconhece os limites ecológicos dos biomas e adota uma fronteira produtiva que garante a sustentabilidade das atividades sem afetar a conservação da diversidade biológica e sociocultural.
Como o turismo pode fazer parte da bioeconomia?
A transição para uma economia sustentável é um catalisador fundamental para o crescimento econômico e a geração de empregos. Nesse contexto, os “empregos verdes” são aqueles gerados em atividades que contribuem para a preservação ou restauração do meio ambiente.
O ecoturismo, atividade turística que utiliza o patrimônio natural e cultural de forma sustentável, e o turismo de base comunitária, tipo de turismo no qual a comunidade organiza e presta serviços para os visitantes, são exemplos do setor turístico que usam a bioeconomia como um dos seus pilares centrais.
Para a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o turismo planejado e protagonizado pelas comunidades locais é uma das forças econômicas que estão em crescimento na Amazônia e que ajuda no desenvolvimento do Programa Floresta em Pé. Esse programa executa iniciativas direcionadas ao reforço da bioeconomia, concentrando-se na preservação ambiental, na segurança alimentar e no empoderamento das comunidades, contribuindo para o aprimoramento da qualidade de vida dos habitantes ribeirinhos da Amazônia, alinhando-se com os objetivos do desenvolvimento sustentável.
Um pouco da nossa atuação
A Raízes executou alguns projetos de turismo de base comunitária e turismo sustentável que auxiliaram negócios que atuam com bioeconomia. E atualmente, temos buscado parcerias para o projeto de Fortalecimento do Turismo de Base Comunitária em Belém, ilhas e entorno que tem como objetivo garantir que os pequenos empreendedores já instalados nas capitais sejam apoiados e se tornem competitivos para assumir a oferta turística gerada pela COP 2030. Belém sediará o evento e esperamos que a visitação em comunidades seja aprimorada e ampliada.
O impulso à bioeconomia também requer indivíduos e entidades capacitados para desenvolver tecnologias, soluções e facilitar a disseminação desse conhecimento. Portanto, é essencial um esforço coordenado em termos de políticas públicas que promovam a bioeconomia, envolvendo os diversos setores econômicos e atraindo o interesse do setor privado.
Essa atração, por sua vez, inclui aprimoramento dos mercados relacionados à bioeconomia e estímulo à competitividade, pensando na demanda turística. Esses objetivos só podem ser alcançados por meio da promoção do conhecimento, capacitando indivíduos, empresas e instituições para adotarem práticas mais sustentáveis.
Vem com a gente?