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Movimento Mulheres do Território Indígena do Xingu (MMTIX), por que é importante?

O Território Indígena do Xingu (TIX) completou 60 anos agora em 2021. E, dentro dele, Movimento Mulheres do Território Indígena do Xingu (MMTIX) busca articular e unir as mulheres indígenas para a emancipação e participação delas nas decisões políticas, tanto dentro como fora de suas aldeias.

Dito isso, listamos a seguir razões pelas quais esse movimento é importante:

 

1 – Pela visibilidade: precisamos falar sobre os movimentos indígenas hoje

A demarcação de terras garante a preservação da natureza, entre outros benefícios. Na contramão da valorização dos modos de vida dos povos da floresta, o atual desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), o afrouxamento das leis ambientais e o pernicioso conceito de “etnodesenvolvimento”, que incentiva os indígenas a trabalharem a monocultura, desrespeitam as comunidades tradicionais. Por isso, é necessário olhar para a cultura e valorizar os indígenas como os guardiões dessa natureza que precisa ser conservada e entender o que tem sido feito por eles.

 

2 – Porque as mulheres trazem o protagonismo das mulheres

A Associação Terra Indígena Xingu (ATIX) representa os 16 povos que ali vivem: Aweti, Ikpeng, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiweté, Kisêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Tapayuna, Trumai, Wauja, Yawalapiti, Yudja. E, em 2019, passou a existir a ATIX-Mulher, um setor de atenção à causa da mulher xinguana.

A frente conta com o apoio do Instituto Socioambiental e recebe recursos principalmente de um fundo norueguês e também de outros parceiros. E foi a primeira edição do Encontro das Mulheres do Território Indígena do Xingu, há dois anos, entre outras ações, elegeu Watatakalu (idealizadora do Movimento das Mulheres do Xingu) como coordenadora geral da ATIX-Mulher e Aimerê como coordenadora de campo.

Passado esse tempo, a edição atual, que aconteceu nos últimos dias, foi de prestação de contas, de confraternização, de apresentação do que foi feito e também de eleição de quem seriam as duas próximas mulheres a cuidarem da iniciativa. As duas foram reeleitas quase por unanimidade.

3 – Porque promove diálogos, como a participação do Dona do Meu Fluxo

Depois da doação de centenas de coletores menstruais para as mulheres do TIX em 2020, o Dona do Meu Fluxo foi convidado a voltar. Desta vez presencialmente – já que no ano anterior exibimos um workshop virtual -, participamos do II Encontro das Mulheres do Território Indígena do Xingu.

Da equipe DMF, estiveram Bela Gil, amiga de Watatakalu e parceira da Korui que contribuiu com essa articulação desde o início; Luisa Cardoso (cofundadora da Korui) e Mariana Madureira (cofundadora da Raízes), que juntas idealizaram esse projeto.

O workshop aconteceu no terceiro dia do evento e foi dividido por momentos. Primeiro, ouvimos as indígenas sobre suas experiências com a menstruação. Depois, distribuímos os copinhos, explicamos o seu uso, a higienização correta e ensinamos as diferentes dobras. Foi a primeira vez que falamos para tantas mulheres em um único evento e por tantas horas (metade da manhã e ao longo de uma tarde inteira).

De maneira geral, as indígenas pareceram interessadas, e especialmente as mais jovens nos procuraram para tirar dúvidas. Algumas lideranças ainda levaram coletores menstruais para suas aldeias com o intuito de levar para outras que não puderam estar ali.

Foi uma troca muito enriquecedora e valiosa pela diversidade cultural que temos aqui no Brasil, seja nos costumes em geral, nessa vivência feminina específica, seja pelas diferentes línguas. Vida longa ao MMTIX, e que ele possa trazer cada vez mais os indígenas e as mulheres xinguanas para o centro das pautas políticas que interessem não só a esses povos, mas a toda a humanidade.