A resposta é não. Qualquer empresa, seja ela micro, pequena, média ou grande pode mensurar e avaliar o seu desempenho de sustentabilidade, impacto social e governança, além do aspecto financeiro. O termo Environmental, Social and Governance (ESG), ou seja, Ambiental, Social e Governança (ASG, em português) foi criado como uma métrica para obter dados analíticos, comparativos e traçar estratégias para o futuro.
Para detalhar esse contexto, selecionamos um trecho da palestra “ESG nos pequenos negócios”, promovida pelo Centro Sebrae Sustentabilidade. A fala a seguir é da Mariana Schuchovski, Consultora em Sustentabilidade:
“Por que um negócio existe? Como ele existe? Do que ele depende? Como a gente faz com que o negócio continue prosperando, tendo sucesso? Para tal, olhamos para todas essas partes interessadas, que são todos os colaboradores da organização, clientes, fornecedores, vizinhos, e a comunidade. São os governos, municípios, municipalidades. São todas essas partes que de alguma forma elas são impactadas ou impactam os nossos negócios.
Então, quando a gente olha para essa relação entre as partes impactadas pelo negócio e começa a entender que tudo isso tem significado e passamos a ter uma medição (indicadores que ajudam a entender de que maneira o impacto sobre o aspecto ambiental, de que maneira o impacto sobre o aspecto social e quais são as minhas premissas de governança corporativa para eu garantir que o negócio seja ético, seja justo, seja igualitário, enfim), estamos desenvolvendo e implementando ASG.
Quando implementados, quando medimos essas interações, esses resultados, a forma como a gente se organiza interna e externamente, como demonstramos esse resultado, esse engajamento com as pessoas, estamos, na verdade, medindo, controlando e gerenciando esses fatores. E quando a gente mede, controla e gerencia, conseguimos enxergar onde estão os problemas, onde estão os gargalos e, principalmente, onde estão os riscos daquele negócio”,
ASG na prática: mensuração de impacto por artesãs de Minas Gerais
Depois de passarem pelo Projeto Equidade devido a sua participação no Programa Empreendedorismo Social Comunitário (PESC), em Itabira, Minas Gerais, as tecelãs do distrito Senhora do Carmo formalizaram a sua ocupação e viraram Flores do Carmo Tecelagem Artesanal. Todo o processo, idealizado pela Fundação Vale, com desenho e execução da Raízes, passou por formalização do grupo, melhoria dos produtos, criação do site, treinamento em comunicação, mídias digitais e e-commerce.
Houve tanto uma evolução da gestão quanto do produto em si. Elas produziam tapetes com malha, por exemplo, e hoje fiam até com fio de seda. Elas formalizaram, aprenderam a precificar e a comunicar os seus produtos. E recentemente, depois do Projeto de Equidade concluído, fizeram parte do Ser+Impacto, promovido pelo Impact Hub e pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e patrocinado pela Raízes, entre outros negócios.
Esse projeto, por sua vez, apoia negócios de mulheres, de pessoas negras ou de pessoas de territórios vulnerabilizados para avaliar, medir e ampliar o impacto de cada um de seus empreendimentos.
“Uma coisa que eu percebi logo no primeiro encontro, sobre qual foi o impacto que a gente sentiu, eu pensei na motivação, no resgate de mulheres que tinham depressão, que passaram a sentirem-se bem em poder trabalhar, a sentir que podem produzir. Também, esse resgate de mulheres que já estavam aposentadas, que não tinham mais ocupação, e que tiveram a mão de obra muito bem aproveitada, fazendo muito bem para a cabeça”, conta Mary Esther Rodrigues, tecelã das Flores do Carmo, que participou de algumas das oficinas.
Considerando os três pilares ASG, Ambiental, Social e Governança, essas mulheres puderam avaliar o quanto a formalização do coletivo impactou e tem impactado toda a comunidade, especialmente as artesãs diretamente envolvidas com a produção. A busca por matérias-primas mais sustentáveis, a inclusão gerada por um trabalho feminino intergeracional e um modelo de negócio que funciona com base na interdependência com parceiros comerciais, organizações públicas, privadas e da sociedade civil do território. É o início de um olhar para medir e principalmente ampliar essas benfeitorias, mostrando que pequenos negócios também podem!