O Turismo Responsável ganhou mais visibilidade nos últimos meses. Que bom! O problema é que o conceito tem sido empregado de maneira errada por, nesse período de pandemia, ter sido associado apenas a práticas sanitárias. Assim, o termo foi concedido em forma de selo a atrativos turísticos e outros empreendimentos do setor praticamente por estarem fazendo o mínimo: limpeza frequente, incentivando o uso do álcool em gel e o uso de máscaras obrigatório.
Eu e a Jussara Rocha, coordenadora de projetos aqui na Raízes, fomos convidadas para discutir essa problemática, além de outros temas, ao lado de Solange Barbosa, CEO do Rota da Liberdade; Ana Duék, do Viajar Verde; e Polyana de Oliveira, Presidente do Projeto Bagagem. Integramos o MAPS Fórum com a palestra virtual “Turismo Responsável no Brasil: potencial para ser referência mundial?”.
O que de fato é o Turismo Responsável?
O Turismo Responsável é uma necessidade para nós como sociedade, para o mundo. Por isso mesmo, quisemos problematizar o tema. Poderíamos ter levado para a discussão o Turismo Sustentável – que entendemos que é um termo que vem sendo um pouco esgarçado nos últimos tempos, pois ele é muito usado para práticas que muitas vezes não são de fato sustentáveis. Ou até mesmo o Turismo de Base Comunitária – uma forma específica de turismo que acontece não só em comunidades, mas com o protagonismo das comunidades.
A sustentabilidade não só no turismo, mas de forma geral, tem sido usada muitas vezes em uma prática de greenwashing, numa forma equivocada, propagandista, que não reflete os seus princípios reais. E percebemos que foi muito no intuito de abarcar práticas que estão num caminho de responsabilidade que surgiu esse termo mais recente que é o Turismo Responsável.
Assim, ele surge para lidar com empreendimentos e práticas responsáveis não só do trade, mas também do viajante, de quem está praticando o turismo e busca por uma forma mais responsável de fazê-lo. Para isso, devemos considerar que a sustentabilidade é bem mais complexa e que, para muitos, ainda é praticamente utópica.
Ao longo da discussão, entendemos o Turismo Responsável como algo mais acessível para todos. Na prática, ele pode ser resumido a atitudes de respeito às pessoas, ao meio ambiente e às culturais locais. São ações como: gerar o mínimo de lixo possível e, quando gerado, descartá-lo no local correto, consumo consciente de água e energia elétrica, preservação da natureza, geração de renda para os moradores locais etc.
“Como lidar com o fato de que o Ministério do Turismo lançou um selo que chama Turismo Responsável?”
Essa foi uma das perguntas que recebemos dos participantes durante a transmissão. O primeiro ponto que frisamos é que temos de lembrar que a pandemia não acabou. Assim, não é “retorno pós-pandemia” é “retorno com a pandemia”. Então, precisamos nos atentar a várias adaptações para essa realidade, entre elas o uso obrigatório das máscaras e do álcool em gel.
Mas com isso eu pratico o turismo responsável? Não necessariamente. Por isso a terminologia se torna tão problemática, usada de maneira superficial. O Turismo Responsável é muito mais amplo do que isso e envolve muitas outras práticas, inclusive reconhecidas e premiadas internacionalmente.
Casos pelo Brasil
A presença da Polyana, do Projeto Bagagem, foi muito importante para ilustrar casos do Turismo Responsável em comunidades. As práticas responsáveis são muito importantes, especialmente no caso brasileiro, já que o nosso imenso território tem uma riqueza cultural muito grande também e precisa ser respeitada.
Solange, por sua vez, trouxe uma perspectiva do ponto de vista da diversidade racial e da participação mais recente dos negros no trade turístico e como viajantes. Ela falou sobre como essa inclusão precisa ser ainda mais ampla e trouxe para o debate o turismo antirracista, que falamos outras vezes por aqui. Foi bem esclarecedor!
Mais do que me estender por aqui, que tal você mesmo assistir à palestra na íntegra? Confira abaixo: