Esse já foi o mote de algumas campanhas do Pão de Açúcar aqui no Brasil, se lembra? Mas não é bem sobre isso que vamos falar, ainda mais considerando que a rede de supermercados é financeiramente inacessível para boa parte da população brasileira – vive com apenas R$ 413 mensais, segundo o IBGE. Viemos falar sobre o recém publicado Relatório Mundial sobre a Felicidade (World Hapiness Report). Por isso, perguntamos, o que faz você feliz? Esse estudo indica voluntariado como sinônimo de bem-estar.
A pesquisa, publicada pela Sustainable Development Solutions Network, classifica 156 países em quão felizes os cidadãos se sentem. A edição de 2019 se concentra na comunidade: como a felicidade evoluiu nos últimos doze anos, com foco nas tecnologias, normas sociais, conflitos e políticas governamentais que impulsionaram essas mudanças.
Um recorte que achamos bem interessante, do 4º capítulo (Happiness and Prosocial Behavior: An Evaluation of the Evidence), propõe a ligação entre comportamento pró-social e a felicidade. Como a publicação completa está em inglês, traduzimos alguns trechos de destaque:
“À medida que continua a pesquisa que examina essas questões, podem haver oportunidades para testar os benefícios da pró-socialidade na vida cotidiana. Por exemplo, os serviços de educação e saúde podem adotar estratégias pró-sociais que podem ser comparadas às práticas atuais de negócios usadas em outros lugares. Isso também tem a vantagem de criar colaborações abrangendo parceiros acadêmicos, privados e governamentais.
O envolvimento dos prestadores de serviços de linha de frente no design e na execução de alternativas faria muito para aumentar o sucesso, a relevância das políticas e a aplicação mais ampla das inovações sendo testadas. Aproveitar a pró-socialidade oferece a perspectiva de gerenciar instituições e prestar serviços de maneira a economizar recursos e potencialmente aumentar a felicidade de todas as partes”.
Sobre pessoas
Em outra passagem do mesmo capítulo do relatório, os estudiosos trazem alguns dados interessantes sobre o perfil de pessoas que atuam como voluntárias e não voluntárias. Os resultados dessas pesquisas em larga escala sugerem uma ligação robusta entre o voluntariado e o bem-estar que existe além da demografia e da conexão social.
“Por exemplo, as mulheres são mais propensas que os homens a se voluntariar e obter maior satisfação das atividades comunitárias. Além disso, uma grande pesquisa com mais de 2.000 pessoas no Reino Unido indica que os voluntários são mais velhos e têm um nível socioeconômico mais alto.
Ainda, uma grande amostra de mais de 5.000 respostas ao Estudo longitudinal inglês do envelhecimento indica que os voluntários são mais saudáveis do que os não voluntários. Também é possível que os benefícios do voluntariado sejam motivados inteiramente pelo fato de que as pessoas que são voluntárias são geralmente mais conectadas socialmente do que as que não são voluntárias.
Em outras palavras, é possível que não exista uma relação única entre voluntariado e bem-estar. Lançando dúvidas sobre essas possibilidades, em uma amostra de 10.317 mulheres e homens recrutados no Estudo Longitudinal de Wisconsin, o voluntariado previu o bem-estar acima e além de inúmeras características demográficas e participação em atividades sociais com foco próprio, como esportes formais, grupos culturais ou clubes de campo”, dizem.
Assim, apesar dos indicadores, os autores consideram que há poucas evidências de um relacionamento causal. “Dada a escassez de estudos experimentais em larga escala, suficientemente capacitados para explorar essa questão, são necessárias mais pesquisas”. Por isso, indicam que farão análises futuras, usando grandes experiências que identifiquem importantes previsões com antecedência.
Reafirmando valores
Como negócio social – empreendimento com a missão de solucionar um problema social, autossustentável financeiramente, com lucro gerado e reinvestido na própria empresa para ampliação do impacto -, aqui na Raízes os dados desse relatório vêm mais uma vez ao encontro dos nossos valores. Em outras palavras, respondendo à pergunta, podemos afirmar que fazemos todos os dias o que nos faz feliz.
Sobre voluntariado, temos alguns insumos para gerar melhores dados com a experiência de voluntarismo que tivemos com o nosso projeto social em parceria com a Korui: o Dona do Meu Fluxo (DMF). A primeira experiência com a aplicação dessa modalidade de viagem no DMF foi em 2019 (foto destaque do texto), na Amazônia, para onde devemos voltar com um novo grupo de mulheres.
Mais sobre o World Hapiness Report
O primeiro relatório foi lançado em abril de 2012 em apoio a uma reunião de alto nível da ONU sobre “Bem-estar e Felicidade: Definindo um Novo Paradigma Econômico”. Esse relatório apresentou os dados globais disponíveis sobre a felicidade nacional e revisou as evidências relacionadas da ciência emergente da felicidade. Mostrou, com isso, que a qualidade de vida das pessoas pode ser coerente, confiável e validamente avaliada por uma variedade de medidas subjetivas de bem-estar, coletivamente referidas, então, e nos relatórios subsequentes como “felicidade”.
Cada relatório inclui avaliações atualizadas e uma variedade de capítulos encomendados sobre tópicos especiais que aprofundam a ciência do bem-estar e a felicidade em países e regiões específicos. Muitas vezes, há um tema central. Este ano, focaram na felicidade e na comunidade: como a felicidade vem mudando nos últimos doze anos e como a tecnologia da informação, a governança e as normas sociais influenciam as comunidades.
Fica a nossa indicação para a leitura e estudo do relatório, o convite à reflexão sobre o tema e à colaboração de como podemos gerar dados mais conclusivos sobre o bem-estar associado às ações sociais. Tem experiências para compartilhar com a gente? Conte por um de nossos canais.