Tem horas que parece que a sociedade como um todo vive na inércia. Ou apenas caminhando a passos nem largos nem curtos, pois caminha e apenas isso. Sem a reflexão de para onde está indo e do que deixou para traz, como a marca dos sapatos, e o impacto que eles geraram ao pisar o chão. Rumamos por um caminho insustentável, esse do consumismo linear. Acontece que, de fato, o capitalismo não deu certo, e as previsões são as piores.
Falamos recentemente, em um artigo, sobre o relatório divulgado pela ONG Oxfam, “Uma economia para os 99%”, pelo qual descobrimos que apenas oito pessoas em todo mundo detém a riqueza equivalente de outros 3,6 bilhões, a metade mais pobre da população mundial. Fruto do capitalismo atual. Mas esse não foi um dos nossos textos mais lidos em nosso site, muito pelo contrário. Será que isso não importa?
Assim, a sensação é de que vivemos numa bolha, com seu próprio horizonte, e de que estamos dialogando dentro dela. E é preciso um alfinete para estourá-la e fazer com que esse som se expanda pelo ar até o horizonte real do planeta.
Ainda que esse aqui soe como um texto pessimista, a mensagem é justamente outra. É que como um negócio social e empresa B – que visa como modelo de negócio o desenvolvimento socioambiental – acreditamos sempre no outro lado da moeda e, sim, em um mundo melhor.
No último mês, de julho, tivemos espaço para expressar esse pensamento em uma das publicações mais conceituadas do país no que se refere ao perfil mainstream no mundo dos negócios: a Forbes Brasil. Entre outros assuntos, a revista fez uma matéria especial sobre empreendedorismo social. Como entrevistada, falei um pouco do trabalho realizado pela Raízes e sobre o que a gente acredita – um pouco do que colocamos aí em cima.
E você sabe o que significa ter esse espaço para falar?
Para nós é um sinal de que as coisas estão mudando. E de que, talvez, a inércia desapareça e a bolha estoure de vez. É ver despertar a força e dar potência à voz feminina. Também ao cuidado com o planeta, o compartilhamento, os valores, o labo b. É marcar presença em um cenário no qual o espaço está ocupado em sua maioria por uma forma masculina e competitiva de estar no mundo. Pelo capitalismo selvagem e pelas antigas formas de fazer. E não estou falando apenas de abrir espaço para mais mulheres. Mas sim de abrir mais espaço para energia feminina – o que é diferente e muitos homens tem de sobra.
Enfim, esse texto é para celebrar! Afinal, a simples crítica pode não nos levar muito longe, mas a reflexão sempre. E o crer que, ao atentar-se aos seus passos, até as formigas podem despertar o furacão.