Sabia que o turismo pode ser uma solução rápida, eficaz e inteligente para estimular a economia de uma região? Além disso, valoriza o território, a gastronomia, a cultura e a natureza locais. Foi assim que começou o Programa de Empreendedorismo Social e Comunitário em Resplendor (que já falamos por aqui!), no interior de Minas Gerais, depois de um diálogo da Fundação Vale com a comunidade. Além do próprio Rio Doce e do charme de poder ser acessada de trem, lá está o Parque Estadual Sete Salões, que tem grande potencial para atividades de ecoturismo, por exemplo.
O primeiro passo de atuação foi o mapeamento dos empreendedores locais. Depois, um workshop reuniu diversos especialistas em turismo com temas interessantes como tendências no turismo, eventos e segmentação. Em 2019 iniciou-se um trabalho de formação mais estruturado com temas como gestão e empreendedorismo, turismo e operação, comunicação e marketing, entre outros. Deste processo, além do fortalecimento de uma rede que segue em andamento, foram selecionados cinco empreendimentos que vão receber suporte e capacitação para potencializar o negócio e a região. Confira os incubados:
Restaurante DIM – Delícias do Interior de Minas
Overlan é o dono desse restaurante que existe há 15 anos. O negócio foi criado quando a BR ainda nem era asfaltada, mas a verdade é que ele assumiu o restaurante há 4 anos, depois de seu pai e um irmão falecerem. Ele precisou voltar de Vitória (ES) à Resplendor para dar suporte à mãe. Ele não era comerciante, mas produtor cultural. Ele precisou aprender as coisas com a prática, por isso esse programa para ele será essencial. A incubação, além de apoiar Overlan na profissionalização do restaurante também o ajudará em um sonho antigo: tornar o restaurante mais cultural!
O restaurante está na entrada do povoado do Independência, que é um local tranquilo, charmoso e cheio de história e tradição. Uma das principais, a Festa do Boi Pintadinho, era conduzida por seu avô (já herdada de outros) e estava parada há algum tempo quando Overlan a retomou três anos atrás.
No espaço, ele já experimenta vender as mercadorias de alguns produtores rurais e algumas peças de artesanato, mas ele ainda não conseguiu investir em curadoria ou decoração para que isso pudesse ser minimamente valorizado. “DIM”, além de “Delícias do Interior de Minas”, era como o pai de Overlan era conhecido na região.
Cachaçaria Dona Bem
Cachaça Dona Bem é um dos produtos mais bem estabelecidos da região. Luciano, o proprietário, aprendeu a fazer cachaça com uma tradição de seu avô. O nome Dona Bem é uma homenagem à sua avó. O produto tem diversidade de opções e tamanhos, sendo comercializado em diversos pontos da cidade.
Luciano tem interesse constante em melhorar seu aprendizado e já fez visitas a eventos e outros alambiques de referência para benchmark. Também faz parte de uma rede de “cachaceiros” que troca experiências e aprendizados. O espaço em que a cachaçaria hoje funciona é um lindo sítio nas margens do Parque Sete Salões, o que faz da visita ao local uma experiência muito agradável. Hoje em dia algumas pessoas vão até o sítio comprar a cachaça, mas não há experiência de visitação turística estruturada – um desejo dos proprietários.
A finalidade do Projeto em incubar o negócio é, portanto, apoiá-los a efetivamente começar a receber turistas na Cachaçaria Dona Bem.
Associação Rural Limadouro
A associação foi criada em 2007 para contemplar as propriedades rurais das regiões de Limeira, Córrego do Ouro e Laranjeira. Os associados são pequenos produtores de hortaliças, limão, rapadura e cachaça, entre outros produtos. O objetivo era juntar a produção para facilitar a venda. Uma das principais fontes de venda do grupo era a prefeitura através do programa de compras locais para a merenda escolar, porém não são mais os fornecedores.
Hoje os associados da diretoria reclamam que há muita inércia dos outros associados em voltar à ativa, por isso esse suporte da Fundação Vale pode vir em boa hora.
A proposta da incubação é inserir o turismo rural como uma atividade complementar às demais já existentes colocando como produto turístico a visitação a empreendimentos mais estruturados, como a produção de rapaduras do Sr. João Marins, por exemplo. A inserção dos produtos rurais (queijo, frutas, hortaliças, etc) na cadeia produtiva do turismo (restaurantes, hotéis e feiras), também está sendo pensada nesse processo.
ADEBRAS
A Associação dos produtores do Barro Branco foi criada há 19 anos atrás para resolver questões relativas à problemas hídricos na região, abrangendo Barro Branco, Sabiá, Ação Social e Vala do Rufino. Renata, hoje presidente da Associação, veio há cerca de 8 anos atrás para o Barro Branco e ficou tocada com a percepção de que as pessoas do campo não vivem do campo.
Ela conta que no início começou a plantar quiabo, que era algo que ninguém plantava, mas que vendo que tinha boa saída todos começaram também, aumentando a concorrência e fazendo o preço cair. Através dessa experiência percebeu que era necessário fortalecer o sentimento de coletividade, sendo aliados ao invés de competidores e fortalecendo as associações do município. Isso se aplica também ao turismo!
A Associação foi escolhida pelo potencial de desenvolvimento do turismo rural. A região tem belas paisagens para trilhas a pé, passeios de bicicleta, a cavalo e pontos de apoio em casa de moradores com comida da roça e um dedinho de prosa.
Top Bike
A loja Top Bike é especializada em vendas de bicicletas e acessórios, além de serviços de mecânica e manutenção. Fundada pelo Gevaldo, mas conhecido por Preto, o atendimento presencial dele e sua esposa Ismênia é sempre cordial com seus clientes. Além de expandir a fortalecer a atuação, o casal quer desenvolver roteiros de bike em Resplendor e região e já deu início a esta atividade mapeando as trilhas na zona rural e entorno da cidade e convidando amigos para desafios nessas ocasiões.
Preto e Ismênia já tiveram experiência também com competições de bike e estão já há algum tempo pensando em embarcar no turismo, mas com muitas dúvidas de como transformar um passeio esportivo (que já fizeram), em passeios turísticos – que são bem diferentes!
A proposta da incubação é apoiá-los na profissionalização de um negócio, uma operadora especializada em cicloturismo que atenda como receptivo em Resplendor e região.
E esse foi um breve histórico desses empreendedores que ainda têm muito para contar e muito a fazer pela região. Além dos incubados, o Projeto oferece assessoria estratégica para empreendedores já estabelecidos no município e que movimentam o turismo como o Mania do Lago Ecoturismo, por exemplo, e fortalece uma rede de cooperação para a atividade. Logo contamos mais para vocês sobre as próximas etapas!
